quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

WEBQUEST - uma metodologia para pesquisa orientada que funciona mesmo!

O que é uma WebQuest?

A WebQuest é um formato de aula investigação orientada na qual a maioria ou todas as informações de que o trabalho com os alunos vem da web. O modelo foi desenvolvido por Bernie Dodge na San Diego State University, em fevereiro de 1995 com a entrada antecipada na SDSU / Pacific Bell Fellow Tom de Março, o Tecnologia Educacional pessoal, em San Diego Unified School District, e ondas de participantes a cada verão no Ensine Consórcio dos Professores.
Desde aqueles dias de começo, dezenas de milhares de professores abraçaram WebQuests como uma maneira de fazer bom uso da internet ao acoplar os seus alunos para o tipo de pensamento que o século 21 exige. O modelo se espalhou pelo mundo, com entusiasmo especial no Brasil, Espanha, China, Austrália e Holanda.

Saiba mais sobre WEBQUEST,visitando os links abaixo.

http://webquest.org/

http://webquest.sp.senac.br/textos/oque

http://www.netkids.com.br/v4.0/arquivos/webquest/oquee.asp

http://www.gilian.escolabr.com/textos/webquest_giliancris.pdf

http://www.webquestbrasil.org/criador/

http://www.portalwebquest.net/

http://webeduc.mec.gov.br/webquest/

http://www.clubedoprofessor.com.br/webquest/

Com estas informações vocês poderão criar e aplicar suas WEBQUESTs !!
As webquests em sua maioria são publicadas na internet, mas nada nos impede de aplicarmos de outras formas,por exemplo , em slides simples , em nossos blogs,com acesso restrito à determinada turma ou escola,etc.

Projeto Interdisciplinar

Meus Queridos e queridas...

Postamos alguns links que trazem conteúdos importantes na elaboração de projetos de aprendizagem. O trabalho em equipe, a aprendizagem colaborativa tem se mostrado potencializadora de melhores resultados no processo educativo.
Vale a pena conferir, estudar, entender e aplicar!


http://www.netkids.com.br/v3.0/extranet/projetos/elaborar.asp


http://www.inclusao.com.br/projeto_textos_48.htm


http://4pilares.net/text-cont/chaves-projetos.htm

TV ESCOLA - UM RECURSO VIA INTERNET PARA CONTRIBUIR COM NOSSAS AULAS!

Neste site, a TV Escola disponibiliza vídeos, textos e aulas de todas as disciplinas que podem ajudar e complementar nossas aulas.
Confira:

http://tvescola.mec.gov.br/

Mais de 80 links sobre TECNOLOGIA na EDUCAÇÃO!

Colegas,
Na revista Nova Escola,encontraremos informações e experiências importantes com o uso das TICs confiram:

Como utilizar o computador, a internet, blogs, podcasts, projetores, câmeras e outras engenhocas da modernidade para ensinar ainda melhor os conteúdos curriculares de cada disciplina. Navegue nos mais de 80 links e faça um upgrade nas suas aulas:

http://revistaescola.abril.com.br/tecnologia/

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Internet

Metrópole Digital abre matrículas para Curso Técnico em Tecnologia da Informação

Metrópole Digital abre matrículas para Curso Técnico em Tecnologia da Informação 27/10/2011 14:16 Os candidatos classificados devem comparecer ao local portando o documento original e uma cópia do Histórico Escolar do Ensino Fundamental e Ensino Médio com assinatura do representante legal da escola ou uma declaração atualizada de que está cursando o ensino médio, uma cópia e original do RG e CPF, uma foto 3x4 colorida e, se for o caso, original e cópia da procuração pública ou particular. Entre os dias 31 de outubro a 1º de novembro, as matrículas serão destinadas para os candidatos classificados entre o 1º (primeiro) e o 300º (tricentésimo) lugar. Entre os dias 3 e 4 de novembro, para candidatos classificados entre o 301º (tricentésimo primeiro) e o 889º (octingentésimo octogésimo nono) lugar. Os dias 07 e 08 de novembro se destinam aos candidatos classificados entre o 890º (octingentésimo nonagésimo) e o 1412º (milésimo quadringentésimo décimo segundo) lugar. A ordem de classificação se encontra listada no documento “Relação dos candidatos aprovados dentro do número de vagas” em Metrópole Digital, no site da Comperve: http://www.comperve.ufrn.br/.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Figuras de Linguagens


    
 
     As figuras de linguagem ou de estilo são empregadas para valorizar o texto, tornando a linguagem mais expressiva. É um recurso linguístico para expressar experiências comuns de formas diferentes, conferindo originalidade, emotividade ou poeticidade ao discurso.
    As figuras revelam muito da sensibilidade de quem as produz, traduzindo particularidades estilísticas do autor. A palavra empregada em sentido figurado, não- denotativo, passa a pertencer a outro campo de significação, mais amplo e criativo.

As figuras de linguagem classificam-se em:
a) figuras de palavras;
b) figuras de som;
c) figuras de pensamento;
d) figuras de sintaxe.

Figuras de palavra:

As figuras de palavra consistem no emprego de um termo com sentido diferente daquele convencionalmente empregado, a fim de se conseguir um efeito mais expressivo na comunicação.

São figuras de palavras:

Comparação:

Ocorre comparação quando se estabelece aproximação entre dois elementos que se identificam, ligados por conectivos comparativos explícitos - feito, assim como, tal, como, tal qual, tal como, qual, que nem - e alguns verbos - parecer, assemelhar-se e outros.

Exemplos: "Amou daquela vez como se fosse máquina. / Beijou sua mulher como se fosse lógico." (Chico Buarque);

"As solteironas, os longos vestidos negros fechados no pescoço, negros xales nos ombros, pareciam aves noturnas paradas..." (Jorge Amado).

Metáfora:

Ocorre metáfora quando um termo substitui outro através de uma relação de semelhança resultante da subjetividade de quem a cria. A metáfora também pode ser entendida como uma comparação abreviada, em que o conectivo não está expresso, mas subentendido.

Exemplo: "Supondo o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair pérolas, que é a razão." (Machado de Assis).

Metonímia:

Ocorre metonímia quando há substituição de uma palavra por outra, havendo entre ambas algum grau de semelhança, relação, proximidade de sentido ou implicação mútua. Tal substituição fundamenta-se numa relação objetiva, real, realizando-se de inúmeros modos:

- o continente pelo conteúdo e vice-versa: Antes de sair, tomamos um cálice (o conteúdo de um cálice) de licor.
- a causa pelo efeito e vice-versa: "E assim o operário ia / Com suor e com cimento (com trabalho) / Erguendo uma casa aqui / Adiante um apartamento." (Vinicius de Moraes).
- o lugar de origem ou de produção pelo produto: Comprei uma garrafa do legítimo porto (o vinho da cidade do Porto).
- o autor pela obra: Ela parecia ler Jorge Amado (a obra de Jorge Amado).
- o abstrato pelo concreto e vice-versa: Não devemos contar com o seu coração (sentimento, sensibilidade).
- o símbolo pela coisa simbolizada: A coroa (o poder) foi disputada pelos revolucionários.
- a matéria pelo produto e vice-versa: Lento, o bronze (o sino) soa.
- o inventor pelo invento: Edson (a energia elétrica) ilumina o mundo.
- a coisa pelo lugar: Vou à Prefeitura (ao edifício da Prefeitura).
- o instrumento pela pessoa que o utiliza: Ele é um bom garfo (guloso, glutão).

Sinédoque:

Ocorre sinédoque quando há substituição de um termo por outro, havendo ampliação ou redução do sentido usual da palavra numa relação quantitativa. Encontramos sinédoque nos seguintes casos:

- o todo pela parte e vice-versa: "A cidade inteira (o povo) viu assombrada, de queixo caído, o pistoleiro sumir de ladrão, fugindo nos cascos (parte das patas) de seu cavalo." (J. Cândido de Carvalho)
- o singular pelo plural e vice-versa: O paulista (todos os paulistas) é tímido; o carioca (todos os cariocas), atrevido.
- o indivíduo pela espécie (nome próprio pelo nome comum): Para os artistas ele foi um mecenas (protetor).

Catacrese:

A catacrese é um tipo de especial de metáfora, "é uma espécie de metáfora desgastada, em que já não se sente nenhum vestígio de inovação, de criação individual e pitoresca. É a metáfora tornada hábito lingüístico, já fora do âmbito estilístico." (Othon M. Garcia).

São exemplos de catacrese: folhas de livro / pele de tomate / dente de alho / montar em burro / céu da boca / cabeça de prego / mão de direção / ventre da terra / asa da xícara / sacar dinheiro no banco.

Sinestesia:

A sinestesia consiste na fusão de sensações diferentes numa mesma expressão. Essas sensações podem ser físicas (gustação, audição, visão, olfato e tato) ou psicológicas (subjetivas).

Exemplo: "A minha primeira recordação é um muro velho, no quintal de uma casa indefinível. Tinha várias feridas no reboco e veludo de musgo. Milagrosa aquela mancha verde [sensação visual] e úmida, macia [sensações táteis], quase irreal." (Augusto Meyer)

Antonomásia: 

Ocorre antonomásia quando designamos uma pessoa por uma qualidade, característica ou fato que a distingue.
Na linguagem coloquial, antonomásia é o mesmo que apelido, alcunha ou cognome, cuja origem é um aposto (descritivo, especificativo etc.) do nome próprio.

Exemplos: "E ao rabi simples (Cristo), que a igualdade prega, / Rasga e enlameia a túnica inconsútil; (Raimundo Correia). / Pelé (= Edson Arantes do Nascimento) / O Cisne de Mântua (= Virgílio) / O poeta dos escravos (= Castro Alves) / O Dante Negro (= Cruz e Souza) / O Corso (= Napoleão)

Alegoria:

A alegoria é uma acumulação de metáforas referindo-se ao mesmo objeto; é uma figura poética que consiste em expressar uma situação global por meio de outra que a evoque e intensifique o seu significado. Na alegoria, todas as palavras estão transladadas para um plano que não lhes é comum e oferecem dois sentidos completos e perfeitos - um referencial e outro metafórico.

Exemplo: "A vida é uma ópera, é uma grande ópera. O tenor e o barítono lutam pelo soprano, em presença do baixo e dos comprimários, quando não são o soprano e o contralto que lutam pelo tenor, em presença do mesmo baixo e dos mesmos comprimários. Há coros numerosos, muitos bailados, e a orquestra é excelente..." (Machado de Assis).

Figuras de som:

Chamam-se figuras de som os efeitos produzidos na linguagem quando há repetição de sons ou, ainda, quando se procura "imitar" sons produzidos por coisas ou seres.

As figuras de som são:

Aliteração:

Ocorre aliteração quando há repetição da mesma consoante ou de consoantes similares, geralmente em posição inicial da palavra.

Exemplo: "Toda gente homenageia Januária na janela." (Chico Buarque).

Assonância:

Ocorre assonância quando há repetição da mesma vogal ao longo de um verso ou poema.

Exemplo: "Sou Ana, da cama / da cana, fulana, bacana / Sou Ana de Amsterdam." (Chico Buarque).

Paronomásia:

Ocorre paronomásia quando há reprodução de sons semelhantes em palavras de significados diferentes.

Exemplo: "Berro pelo aterro pelo desterro / berro por seu berro pelo seu erro / quero que você ganhe que você me apanhe / sou o seu bezerro gritando mamãe." (Caetano Veloso).

Onomatopéia:

Ocorre quando uma palavra ou conjunto de palavras imita um ruído ou som.

Exemplo: "O silêncio fresco despenca das árvores. / Veio de longe, das planícies altas, / Dos cerrados onde o guaxe passe rápido... / Vvvvvvvv... passou." (Mário de Andrade).

"Ó rodas, ó engrenagens, r-r-r-r-r-r-r eterno." (Fernando Pessoa).

Figuras de pensamento:

As figuras de pensamento são recursos de linguagem que se referem ao significado das palavras, ao seu aspecto semântico.

São figuras de pensamento:

Antítese:

Ocorre antítese quando há aproximação de palavras ou expressões de sentidos opostos.

Exemplo: "Amigos ou inimigos estão, amiúde, em posições trocadas. Uns nos querem mal, e fazem-nos bem. Outros nos almejam o bem, e nos trazem o mal." (Rui Barbosa).

Apóstrofe:

Ocorre apóstrofe quando há invocação de uma pessoa ou algo, real ou imaginário, que pode estar presente ou ausente. Corresponde ao vocativo na análise sintática e é utilizada para dar ênfase à expressão.

Exemplo: "Deus! ó Deus! onde estás, que não respondes?" (Castro Alves).

Paradoxo:

Ocorre paradoxo não apenas na aproximação de palavras de sentido oposto, mas também na de idéias que se contradizem referindo-se ao mesmo termo. É uma verdade enunciada com aparência de mentira. Oxímoro (ou oximoron) é outra designação para paradoxo.

Exemplo: "Amor é fogo que arde sem se ver; / É ferida que dói e não se sente; / É um contentamento descontente; / É dor que desatina sem doer;" (Camões)

Eufemismo:

Ocorre eufemismo quando uma palavra ou expressão é empregada para atenuar uma verdade tida como penosa, desagradável ou chocante.

Exemplo: "E pela paz derradeira (morte) que enfim vai nos redimir Deus lhe pague". (Chico Buarque).

Gradação:

Ocorre gradação quando há uma seqüência de palavras que intensificam uma mesma idéia.

Exemplo: "Aqui... além... mais longe por onde eu movo o passo." (Castro Alves).

Hipérbole:

Ocorre hipérbole quando há exagero de uma idéia, a fim de proporcionar uma imagem emocionante e de impacto.

Exemplo: "Rios te correrão dos olhos, se chorares!" (Olavo Bilac).

Ironia:

Ocorre ironia quando, pelo contexto, pela entonação, pela contradição de termos, sugere-se o contrário do que as palavras ou orações parecem exprimir. A intenção é depreciativa ou sarcástica.

Exemplo: "Moça linda, bem tratada, / três séculos de família, / burra como uma porta: / um amor." (Mário de Andrade).

Prosopopéia:

Ocorre prosopopéia (ou animização ou personificação) quando se atribui movimento, ação, fala, sentimento, enfim, caracteres próprios de seres animados a seres inanimados ou imaginários.

Também a atribuição de características humanas a seres animados constitui prosopopéia o que é comum nas fábulas e nos apólogos, como este exemplo de Mário de Quintana: "O peixinho (...) silencioso e levemente melancólico..."

Exemplos: "... os rios vão carregando as queixas do caminho." (Raul Bopp)

Um frio inteligente (...) percorria o jardim..." (Clarice Lispector)

Perífrase:


Ocorre perífrase quando se cria um torneio de palavras para expressar algum objeto, acidente geográfico ou situação que não se quer nomear.

Exemplo: "Cidade maravilhosa / Cheia de encantos mil / Cidade maravilhosa / Coração do meu Brasil." (André Filho).

Figuras de sintaxe:

As figuras de sintaxe ou de construção dizem respeito a desvios em relação à concordância entre os termos da oração, sua ordem, possíveis repetições ou omissões.

Elas podem ser construídas por:

a) omissão: assíndeto, elipse e zeugma;
b) repetição: anáfora, pleonasmo e polissíndeto;
c) inversão: anástrofe, hipérbato, sínquise e hipálage;
d) ruptura: anacoluto;
e) concordância ideológica: silepse.

Portanto, são figuras de construção ou sintaxe:

Assíndeto:

Ocorre assíndeto quando orações ou palavras deveriam vir ligadas por conjunções coordenativas, aparecem justapostas ou separadas por vírgulas.
Exigem do leitor atenção maior no exame de cada fato, por exigência das pausas rítmicas (vírgulas).

Exemplo: "Não nos movemos, as mãos é que se estenderam pouco a pouco, todas quatro, pegando-se, apertando-se, fundindo-se." (Machado de Assis).

Elipse:

Ocorre elipse quando omitimos um termo ou oração que facilmente podemos identificar ou subentender no contexto. Pode ocorrer na supressão de pronomes, conjunções, preposições ou verbos. É um poderoso recurso de concisão e dinamismo.

Exemplo: "Veio sem pinturas, em vestido leve, sandálias coloridas." (elipse do pronome ela (Ela veio) e da preposição de (de sandálias...).

Zeugma:

Ocorre zeugma quando um termo já expresso na frase é suprimido, ficando subentendida sua repetição.

Exemplo: "Foi saqueada a vida, e assassinados os partidários dos Felipes." (Zeugma do verbo: "e foram assassinados...") (Camilo Castelo Branco).

Anáfora:
Ocorre anáfora quando há repetição intencional de palavras no início de um período, frase ou verso.

Exemplo: "Depois o areal extenso... / Depois o oceano de pó... / Depois no horizonte imenso / Desertos... desertos só..." (Castro Alves).

Pleonasmo:

Ocorre pleonasmo quando há repetição da mesma idéia, isto é, redundância de significado.

a) Pleonasmo literário:

É o uso de palavras redundantes para reforçar uma idéia, tanto do ponto de vista semântico quanto do ponto de vista sintático. Usado como um recurso estilístico, enriquece a expressão, dando ênfase à mensagem.

Exemplo: "Iam vinte anos desde aquele dia / Quando com os olhos eu quis ver de perto / Quando em visão com os da saudade via." (Alberto de Oliveira).

"Morrerás morte vil na mão de um forte." (Gonçalves Dias)

"Ó mar salgado, quando do teu sal / São lágrimas de Portugal" (Fernando Pessoa).

b) Pleonasmo vicioso:


É o desdobramento de idéias que já estavam implícitas em palavras anteriormente expressas. Pleonasmos viciosos devem ser evitados, pois não têm valor de reforço de uma idéia, sendo apenas fruto do descobrimento do sentido real das palavras.

Exemplos: subir para cima / entrar para dentro / repetir de novo / ouvir com os ouvidos / hemorragia de sangue / monopólio exclusivo / breve alocução / principal protagonista.

Polissíndeto:

Ocorre polissíndeto quando há repetição enfática de uma conjunção coordenativa mais vezes do que exige a norma gramatical (geralmente a conjunção e). É um recurso que sugere movimentos ininterruptos ou vertiginosos.

Exemplo: "Vão chegando as burguesinhas pobres, / e as criadas das burguesinhas ricas / e as mulheres do povo, e as lavadeiras da redondeza." (Manuel Bandeira).

Anástrofe:

Ocorre anástrofe quando há uma simples inversão de palavras vizinhas (determinante/determinado).

Exemplo: "Tão leve estou (estou tão leve) que nem sombra tenho." (Mário Quintana).

Hipérbato:

Ocorre hipérbato quando há uma inversão completa de membros da frase.

Exemplo: "Passeiam à tarde, as belas na Avenida. " (As belas passeiam na Avenida à tarde.) (Carlos Drummond de Andrade).

Sínquise:

Ocorre sínquise quando há uma inversão violenta de distantes partes da frase. É um hipérbato exagerado.

Exemplo: "A grita se alevanta ao Céu, da gente. " (A grita da gente se alevanta ao Céu ) (Camões).

Hipálage:

Ocorre hipálage quando há inversão da posição do adjetivo: uma qualidade que pertence a um objeto é atribuída a outro, na mesma frase.

Exemplo: "... as lojas loquazes dos barbeiros." (as lojas dos barbeiros loquazes.) (Eça de Queiros).

Anacoluto:

Ocorre anacoluto quando há interrupção do plano sintático com que se inicia a frase, alterando-lhe a seqüência lógica. A construção do período deixa um ou mais termos - que não apresentam função sintática definida - desprendidos dos demais, geralmente depois de uma pausa sensível.

Exemplo: "Essas empregadas de hoje, não se pode confiar nelas." (Alcântara Machado).

Silepse:

Ocorre silepse quando a concordância não é feita com as palavras, mas com a idéia a elas associada.

a) Silepse de gênero:

Ocorre quando há discordância entre os gêneros gramaticais (feminino ou masculino).

Exemplo: "Quando a gente é novo, gosta de fazer bonito." (Guimarães Rosa).

b) Silepse de número:

Ocorre quando há discordância envolvendo o número gramatical (singular ou plural).

Exemplo: Corria gente de todos lados, e gritavam." (Mário Barreto).

c) Silepse de pessoa:

Ocorre quando há discordância entre o sujeito expresso e a pessoa verbal: o sujeito que fala ou escreve se inclui no sujeito enunciado.

Exemplo: "Na noite seguinte estávamos reunidas algumas pessoas." (Machado de Assis).

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Linguagem Figurada - Denotação e Conotação

  Para compreender os conceitos de denotação e conotação é preciso observar que o signo lingüístico é constituído de duas partes distintas, embora uma não exista separada da outra.


Isto quer dizer que o signo tem uma parte perceptível (constituído de som e representado por letra) e uma parte inteligível (constituída de conceito [imagem mental por meio da qual representamos um objeto]).

Essa parte perceptível é denominada significante ou plano de expressão.

Já a parte inteligível é denominada significado ou plano de conteúdo.

Quando um plano de expressão (significante) for suporte para mais de um plano de conteúdo (significado) temos a polissemia.

Assim o significante linha pode denotar os significados:

material para costurar ou bordar,

atacantes de futebol,

trilhos de trem ou bonde,

conduta de um indivíduo ou postura.

No entanto, a polissemia não deve ser vista como um problema, uma vez que será neutralizada pelo contexto.

Pois assim que se insere no contexto a palavra perde seu caráter polissêmico e ganha um significado específico, passando a ser denominado de significado contextual.

A costureira, de tão velha, não conseguia mais enfiar a linha na agulha.

O técnico deslocou o jogador da linha para a defesa.

As linhas de bonde foram cobertas pelo asfalto.

O conferencista, apesar da agressividade da platéia, não perdeu a linha.

Dessa maneira percebemos que o significado contextual é fundamental para entendermos um texto.

A denotação é a relação existente entre o plano de expressão e o plano de conteúdo, ou seja, o significado denotativo é o conceito ao qual nos remete certo significante.

No entanto, um termo além do seu significado denotativo, pode vir acrescido de outros significados paralelos.

Esses novos valores constituem aquilo que denominamos sentido conotativo, ou seja, o acréscimo de um novo valor constitui a conotação, que consiste num novo plano de conteúdo para o signo que já tinha um significado denotativo.

Assim duas palavras podem ter a mesma denotação e conotação completamente distinta, uma vez que policial e meganha tem a mesma denotação, mas conotação totalmente diferente.

O sentido conotativo varia de cultura para cultura, de classe social para classe social ou de época para época

Sintaxe de Concordância Verbal



 sujeito simples - verbo concorda com o sujeito simples em pessoa e número.


a) Uma boa Constituição é desejada por todos os brasileiros;
b) De paz necessitam as pessoas.

sujeito coletivo (singular na forma com idéia de plural) - verbo fica no singular, concordando com a palavra escrita não com a idéia.

O pessoal já saiu.
Quando o verbo se distanciar do sujeito coletivo, o verbo poderá ir para o plural concordando com a idéia de quantidade (silepse de número) - a turma concordava nos pontos essenciais, discordavam apenas nos pormenores.

sujeito é um pronome de tratamento - verbo fica na 3ª pessoa.

a) Vossa Senhoria não é justo;
b) Vossas Senhorias estão de acordo comigo.

expressão mais de + numeral - verbo concorda com o numeral.

a) Mais de um candidato prometeu melhorar o país;
b) Mais de duas pessoas vieram à festa.

mais de um + se (idéia de reciprocidade) - verbo no plural (Mais de um sócio se insultaram.).
mais de um + mais de um - verbo no plural (Mais de um candidato, mais de um representante faltaram à reunião.).
expressões perto de, cerca de, mais de, menos de + sujeito no plural - verbo no plural.

a) Perto de quinhentos presos fugiram.
b) Cerca de trezentas pessoas ganharam o prêmio.
c) Mais de mil vozes pediam justiça.
d) Manos de duas pessoas fizeram isto.

 nomes só usados no plural - a concordância depende da presença ou não de artigo.

• sem artigo - verbo no singular (Minas Gerais produz muito leite / férias faz bem).

• precedidos de artigo plural - verbo no plural ("Os Lusíadas" exaltam a grandeza do povo português / as Minas Gerais produzem muito leite).

Para nomes de obras literárias, admite-se também a concordância ideológica (silepse) com a palavra obra implícita na frase ("Os Lusíadas" exalta a grandeza do povo português).

expressões a maior parte, grande parte, a maioria de (= sujeito coletivo partitivo) + adjunto adnominal no plural - verbo concorda com o núcleo do sujeito ou com o especificador (AA).

a) A maior parte dos constituintes se retirou (retiraram).
b) Grande parte dos torcedores aplaudiu (aplaudiram) a jogada.
c) A maioria dos constituintes votou (votaram).

Quando a ação só pode ser atribuída à totalidade e não separadamente aos indivíduos, usa-se o singular (um bando de soldados enchia o pavimento inferior).

quem (pronome relativo sujeito) - verbo na 3ª pessoa do singular concordando com o pronome quem ou concorda com o antecedente.

a) Fui eu quem falou (falei).
b) Fomos nós quem falou (falamos).

que ( pronome relativo sujeito) - verbo concorda sempre com o antecedente.

Fomos nós que falamos.

sujeito é pronome interrogativo ou indefinido (núcleo) + de nós ou de vós - depende do pronome núcleo.

• pronome-núcleo no singular - verbo no singular.

a) Qual de nós votou conscientemente?
b) Nenhum de vós irá ao cinema.

• pronome-núcleo no plural - verbo na 3ª pessoa do plural ou concordando com o pronome pessoal.

a) Quais de nós votaram (votamos) conscientemente?
b) Muitos de vós foram (fostes) insultados.

sujeito composto anteposto ao verbo - verbo no plural.

O anel e os brincos sumiram da gaveta.

• com núcleos sinônimos - verbos no singular ou plural (O rancor e o ódio cegou o amante. / O desalento e a tristeza abalaram-me.).

• com núcleos em gradação - verbo singular ou plural (um minuto, uma hora, um dia passa/passam rápido).

• dois infinitivos como núcleos - verbo no singular (estudar e trabalhar é importante.).

• dois infinitivos exprimindo idéias opostas - verbo no plural (Rir e chorar se alternam.).

sujeito composto posposto - concordância normal ou atrativa (com o núcleo mais próximo).

Discutiram / discutiu muito o chefe e o funcionário.

Se houver idéia de reciprocidade, verbo vai para o plural (Estimam-se o chefe e o funcionário.).

Quando o verbo ser está acompanhado de substantivo plural, o verbo também se pluraliza (Foram vencedores Pedro e Paulo.).

sujeito composto de diferentes pessoas gramaticais - depende da pessoa prevalente.

• eu + outros pronomes - verbo na 1ª pessoa plural (eu, tu e ele sairemos).

• tu + eles - verbo na 2ª pessoa do plural (preferência) ou 3ª pessoa do plural (tu e teu colega estudastes/estudaram?).

Se o sujeito estiver posposto, também vale a concordância atrativa (saímos/saí eu e tu).

sujeito composto resumido por um pronome-síntese (aposto) - concordância com o pronome.

Risos, gracejos, piadas, nada a alegrava.

expressão um e outro - verbo no singular ou no plural (Um e outro falava/ falavam a verdade.).

Com idéia de reciprocidade - verbo no plural (Um e outro se agrediram).

expressão um ou outro - verbo no singular (Um ou outro rapaz virava a cabeça para nos olhar).

sujeito composto ligado por nem - verbo no plural (Nem o conforto, nem a glória lhe trouxeram a felicidade.).

Aparecendo pronomes pessoais misturados, leva-se em conta a prioridade gramatical (nem eu, nem ela fomos ao cinema).

expressão nem um nem outro - verbo no singular (Nem um nem outro comentou o fato.).

sujeito composto ligado por ou - faz-se em função da idéia transmitida pelo ou.

• idéia de exclusão - verbo no singular (José ou Pedro será eleito para o cargo / um ou outro conhece seus direitos)

• idéia de inclusão ou antinomia - verbo no plural (matemática ou física exigem raciocínio lógico / riso ou lágrimas fazem parte da vida)

• idéia explicativa ou alternativa - concordância com sujeito mais próximo (ou eu ou ele irá / ou ele ou eu irei)

expressão um dos que - verbo no singular (um) ou plural (dos que).

Ele foi um dos que mais falou/falaram.

Se a expressão significar apenas um, verbo no singular (é uma das peças de Nelson Rodrigues que será apresentada).

sujeito é número percentual - observar a posição do número percentual em relação ao verbo.

• verbo concorda com termo posposto ao número (80% da população tinha mais de 18 anos / dez por cento dos sócios saíram da empresa).

• o verbo concorda com o número quando estiver anteposto a ele (perderam-se 40% da lavoura).

• verbo no plural, se o número vier determinado por artigo ou pronome no plural (os 87% da produção perderam-se / aqueles 30% do lucro obtido desapareceram).

sujeito é número fracionário - verbo concorda com o numerador.

1/4 da turma faltou ontem. / 3/5 dos candidatos foram reprovados.

sujeito composto antecedido de cada ou nenhum - verbo na 3ª pessoa do singular.

Cada criança, cada adolescente, cada adulto ajudava como podia. / nenhum político, nenhuma cidade, nenhum ser humano faria isso.

sujeito composto ligado por como, assim como, bem como (formas correlativas) - deve-se preferir o plural, sendo mas raro o singular.

Rio de Janeiro como Florianópolis são belas cidades. / tanto uma, como a outra, suplicava-lhe o perdão.

sujeito composto ligado por com - observar presença ou não de vírgulas.

• verbo no plural sem vírgulas (Eu com outros amigos limpamos o quintal.)

• verbo no singular com vírgulas, idéia de companhia (O presidente, com os ministros, desembarcou em Brasília.)

sujeito indeterminado + SE, verbo no singular.

Assistiu-se à apresentação da peça.

sujeito paciente ao lado de um verbo na voz passiva sintética - verbo concorda com o sujeito.

Discutiu-se o plano. / Discutiram-se os planos.

locução verbal constituída de: parecer + infinitivo - verbo parecer varia ou o infinitivo.

a) As pessoas pareciam acreditar em tudo.
b) As pessoas parecia acreditarem em tudo.

Com o infinitivo pronominal, flexiona-se apenas o infinitivo (Elas parece zangarem-se com a moça.)

verbos dar, bater e soar + horas - verbos têm como sujeito o número que indica as horas.

a) Deram dez horas naquele momento.
b) Meio-dia soou no velho relógio da igreja.

verbos indicadores de fenômenos da natureza - verbo na 3ª pessoa singular por serem impessoais, extensivo aos auxiliares se estiverem em locuções verbais.

a) Geia muito no Sul.
b) Choveu por muitas noites no verão.

Em sentido figurado deixam de ser impessoais (Choveram vaias para o candidato.)

haver = existir ou acontecer, fazer (tempo decorrido) é impessoal.

a) Havia vários alunos na sala (= existiam).
b) Houve bastantes acidentes naquele mês (= aconteceram).
c) Não a vejo faz uns meses (= faz).
d) Deve haver muitas pessoas na fila (devem existir).

Considera-se errado o emprego do verbo ter por haver quando tiver sentido de existir ou acontecer (J há um lugar ali. / L tem um lugar ali.)

Os verbos existir e acontecer são pessoais e concordam com seu sujeito (Existiam sérios compromissos. / Aconteceram bastantes problemas naquele dia.)

verbo fazer indicando tempo decorrido ou fenômeno da natureza (impessoal).

a) Fazia anos que não vínhamos ao Rio.
b) Faz verões maravilhosos nos trópicos.

verbo ser - impessoal quando indica data hora e distância, concordando com a expressão numérica ou a palavra a que se refere (Eram seis horas. / Hoje é dia doze. / Hoje é ou são doze. / Daqui ao centro são treze quilômetros.).

se estiver entre dois núcleos das classes a seguir, em ordem, concordará, preferencialmente, com a classe que tiver prioridade, independente de função sintática.

pronome pessoal → pessoa → substantivo concreto → substantivo abstrato → pronome indefinido, demonstrativo ou interrogativo.

a) Tu és Maria.
b) Maria és tu.
c) Tu és minhas alegrias.
d) Minhas alegrias és tu.
e) Maria é minhas alegrias.
f) Minhas alegrias é Maria.
g) As terras são a riqueza.
h) A riqueza são as terras.
i) Tudo são flores.
j) Emoções são tudo.

se o sujeito é palavra coletiva, o verbo concorda com o predicativo (A maioria eram adolescentes. / A maior parte eram problemas.).

sujeito indica peso, medida, quantidade + é pouco, é muito, é bastante, é suficiente, é tanto, verbo ser no singular (Três mil reais é pouco pelo serviço. / Dez quilômetros já é bastante para um dia.).

silepse de pessoa - verbo concorda com um elemento implícito.

a) A formosura de Páris e Helena foram causa da destruição de Tróia.
b) Os brasileiros somos improvisadores (idéia de inclusão de quem fala entre os brasileiros).

Sintaxe de Concordância nominal



Na concordância nominal, os determinantes do substantivo (adjetivos, numerais, pronomes adjetivos e artigos) alteram sua terminação (gênero e número) para se adequarem a ele, ou a pronome substantivo ou numeral substantivo, a que se referem na frase.
O problema da concordância nominal ocorre quando o adjetivo se relaciona a mais de um substantivo, e surgem palavras ou expressões que deixam em dúvida.

Observe estas frases:
Aquele beijo foi dado num inoportuno lugar e hora.
Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportuna.
Aquele beijo foi dado num lugar e hora inoportunos. (aqui fica mais claro que o adjetivo refere-se aos dois substantivos)

•regra geral - a partir desses exemplos, pode-se formular o princípio de que o adjetivo anteposto concorda com o substantivo mais próximo. Mas, se o adjetivo estiver depois do substantivo, além da possibilidade de concordar com o mais próximo, ele pode concordar com os dois termos, ficando no plural, indo para o masculino se um dos substantivos for masculino.

Um adjetivo anteposto em referência a nomes de pessoas deve estar sempre no plural (As simpáticas Joana e Marta agradaram a todos).

Quando o adjetivo tiver função de predicativo, concorda com todos os núcleos a que se relaciona. (São calamitosos a pobreza e o desamparo / Julguei insensatas sua atitude e suas palavras).
Quando um substantivo determinado por artigo é modificado por dois ou mais adjetivos, podem ser usadas as seguintes construções:

a) Estudo a cultura brasileira e a portuguesa;
b) Estudo as culturas brasileira e portuguesa;
c) Os dedos indicador e médio estavam feridos;
d) O dedo indicador e o médio estavam feridos.

A construção: Estudo a cultura brasileira e portuguesa, embora provoque incerteza, é aceita por alguns gramáticos.
No caso de numerais ordinais que se referem a um único substantivo composto, podem ser usadas as seguintes construções:

a) Falei com os moradores do primeiro e segundo andar./ (...) do primeiro e segundo andares.

Adjetivos regidos pela preposição de, que se referem a pronomes indefinidos, ficam normalmente no masculino singular, podendo surgir concordância atrativa.

a) Sua vida não tem nada de sedutor;
b) Os edifícios da cidade nada têm de elegantes.

Anexo, incluso, obrigado, mesmo, próprio - são adjetivos ou pronomes adjetivos, devendo concordar com o substantivo a que se referem.

a) O livro segue anexo;
b) A fotografia vai inclusa;
c) As duplicatas seguem anexas;
d) Elas mesmas resolveram a questão.

Mesmo = até, inclusive é invariável (mesmo eles ficaram chateados) / expressão "em anexo" é invariável.
Meio, bastante, menos - meio e bastante, quando se referem a um substantivo, devem concordar com esse substantivo. Quando funcionarem como advérbios, permanecerão invariáveis. "Menos" é sempre invariável.

a) Tomou meia garrafa de vinho;
b) Ela estava meio aborrecida;
c) Bastantes alunos foram à reunião;
d) Eles falaram bastante;
e) Eram alunas bastante simpáticas;
f) Havia menos pessoas vindo de casa.

Muito, pouco, longe, caro, barato - podem ser palavras adjetivas ou advérbios, mantendo concordância se fizerem referência a substantivos.

a) Compraram livros caros;
b) Os livros custaram caro;
c) Poucas pessoas tinham muitos livros;
d) Leram pouco as moças muito vivas;
e) Andavam por longes terras;
f) Eles moram longe da cidade;
g) Eram mercadorias baratas;
h) Pagaram barato aqueles livros.

É bom, é proibido, é necessário - expressões formadas do verbo ser + adjetivo Não variam se o sujeito não vier determinado, caso contrário a concordância será obrigatória.

a) Água é bom;
b) A água é boa;
c) Bebida é proibido para menores;
d) As bebidas são proibidas para menores;
e) Chuva é necessário;
f) Aquela chuva foi necessária.

Só = sozinho (adjetivo. - var.) / só = somente, apenas (não flexiona).

a) Só elas não vieram;
b) Vieram só os rapazes.

Só forma a expressão "a sós" (sozinhos).
A locução adverbial "a olhos vistos" (= visivelmente) - invariável (ela crescia a olhos vistos).
Conforme = conformado (adjetivo - var.) / conforme = como (não flexiona).

a) Eles ficaram conformes com a decisão;
b) Dançam conforme a música.

O (a) mais possível (invariável) / as, os mais possíveis (é uma moça a mais bela possível / são moças as mais belas possíveis).
Os particípios concordam como adjetivos.

a) A refém foi resgatada do bote;
b) Os materiais foram comprados a prazo;
c) As juízas tinham iniciado a apuração.

Haja vista - não se flexiona, exceto por concordância atrativa antes de substantivo no plural sem preposição.

a) Haja vista (hajam vistas) os comentários feitos;
b) Haja vista dos recados do chefe.
Pseudo, salvo (= exceto) e alerta não se flexionam
a) Eles eram uns pseudo-sábios;
b) Salvo nós dois, todos fugiram;
c) Eles ficaram alerta.

Os adjetivos adverbializados são invariáveis (vamos falar sério / ele e a esposa raro vão ao cinema)
Silepse com expressões de tratamento - usa-se adjetivo masculino em concordância ideológica com um homem ao qual se relaciona a forma de tratamento que é feminina.

a) Vossa Majestade, o rei, mostrou-se generoso;
b) Vossa Excelência é injusto.



Bons Estudos

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Top Blog 2011, Contamos com seu voto!





O Top Blog Prêmio é um sistema interativo de incentivo cultural criado no ano de 2008 pela MIX Mídia Digital, destinado a reconhecer e premiar, mediante a votação popular e acadêmica (Júri acadêmico TOPBLOG), os Blogs Brasileiros mais populares, que possuam a maior parte de seu conteúdo focado para o público brasileiro.


O objetivo do Top Blog Prêmio é promover, divulgar e patrocinar a iniciativa dos proprietários de blogs que interagem socialmente pela rede internet com finalidade de compartilhar seus conhecimentos, idéias, experiências e perspectivas, contribuindo solidariamente com o desenvolvimento social e cultural do País.


O amigo leitor pode votar clicando no selo do prêmio em nossa barra lateral que o encaminhará para uma página onde você deverá se cadastrar no Top Blog e votar em um Blog de sua preferência. Seu voto será validado após confirmá-lo, clicando em um link que receberá no email que foi cadastrado no site do prêmio. 

Desde já agradecemos a todos!

segunda-feira, 16 de maio de 2011

O bullying contra o professor



Pouco se fala do outro lado da moeda: a violência crescente de alunos contra educadores
21 de Abril de 2011 às 09:15


Luxo é ser compreendido.
 Ralph Waldo Emerson

Muito se fala sobre a violência sofrida pelo aluno contra o aluno, do aluno que é molestado ou sofre qualquer perseguição ou agressão do professor, mas não se pensa e nem se olha quase na violência e bullying sofrido pelo professor em sala de aula.
Parece fácil, uma vez que turmas e turmas são formadas para ouvir um professor e se uma vez for estigmatizado, não é difícil um grupo grande zombar.
Já vi colegas sofrerem calados os maus-tratos, perseguições e abusos de alunos em sala de aula.
Chacotas, apelidos, caricaturas que passam de carteira em carteira, e assim por diante.
Vejo tanto desrespeito a nossa classe, eu mesma vivencio algum desdém de alguns alunos, que ficam geralmente no canto detrás da sala ignorando a aula, de bonés, rindo de tudo que se fala e ainda importunando aos outros que tentam prestar atenção.
A coisa começa tímida, se o professor não tem uma atitude, um diálogo, há realmente o contágio desse pequeno grupo para a classe toda.
A covardia ainda piora quando é gravada via celular e postada no Youtube, e a chacota vai para a grande rede, e se torna ciberbullying, circula por e-mails, e toma uma proporção imensa até chegando aos órgãos e secretarias, às direções prejudicando o tal profissional alvo e vítima, que sempre será culpado por não se dar ao respeito, e não impor limites aos seus alunos.
Caros colegas, onde estamos errando? Justamente no diálogo.
Não precisamos ser todo tempo bonzinhos, amorosos, permissivos, podemos como com filhos, saber educar esses jovens e crianças para o mundo e para o convívio social respeitoso.
Tive um aluno difícil de liderança de um grupo temido por todos os professores da escola em que trabalho, uma das três, nunca tive problema com ele, pois consegui quebrar, furar aquele seu ar superior e com meus “boa noite, meu lindo”, parando a aula pra quando ele entrasse e perguntando “por que chegando essa hora, estava trabalhando?”, ele me deu respostas positivas, evoluções comportamentais, e ainda passou fazendo os trabalhos e exibindo um interesse muito maior, e mais, solicitava comportamento dos demais quando se atrapalhava a aula, ou seja, ganhei um aliado. O covardão foi quebrado com carinho e ele acabou me ajudando a “dominar” a turma. Hilário, irônico, mas foi verdade.

“O humor é um recurso pedagógico. Pega as pessoas desprevenidas e as torna mais receptivas”, já dizia Claudius Ceccon.
Pois é, acho que falta isso, jogo de cintura, sensibilidade, pois o valentão que provoca muitas vezes é um grande carentão, que só quer atenção.
Do que vale olhar sem ver?
 Johann Wolfgang Von Goethe


Deixo um link pra um texto antigo meu de minha coluna sobre Educação:


• Cris Passinato é professora

domingo, 1 de maio de 2011

Os Gêneros Literários



Já vimos que a literatura é a arte que se manifesta pela palavra, seja ela falada ou escrita. Quanto a forma, o texto pode apresentar-se em prosa ou verso. Quanto ao conteúdo, estrutura e, segundo os clássicos, conforme a "maneira da imitação", podemos enquadrar as obras literárias em três gêneros:
LÍRICO : quando um "eu" nos passa uma emoção, um estado; centra-se no mundo interior do Poeta apresentando forte carga subjetiva. A subjetividade surge, assim, como característica marcante do lírico. o Poeta posiciona-se em face dos "mistérios da vida". A lírica já Foi definida como a expressão da "primeira pessoa do singular do tempo presente".
DRAMÁTICO : quando os "atores, num espaço especial, apresentam, por meio de palavras e gestos, um acontecimento". Retrata, fundamentalmente, os conflitos das relações humanas.
ÉPICO : quando temos uma narrativa de fundo histérico; são os feitos heróicos e os grandes ideais de um povo o tema das epopéias. o narrador mantém um distanciamento em relação aos acontecimentos (esse distanciamento é reforçado, naturalmente, pelo aspecto temporal: os fatos narrados situam-se no passado). Temos um Poeta-observador voltado, portanto, para o mundo exterior, tomando a narrativa objetiva. A objetividade e característica marcante do gênero épico. A épica já foi definida como a poesia da "terceira pessoa do tempo passado".
Essa divisão tradicional em três gêneros literários originou-se na Grécia clássica, com Aristóteles, quando a poesia era a forma predominante de literatura. Por nos parecer mais didática, adotamos uma divisão em quatro gêneros literários, desmembrando do épico o gênero narrativo (ou, como querem alguns, a ficção), para enquadrar as narrativas em prosa.
Poderíamos reconhecer ainda o gênero didático, despido de ficção e no identificado com a arte literária; segundo Wolfgang Kayser, "'o didático costuma ser delimitado como gênero especial, que fica fora da verdadeira literatura".


- para aumentar a imagem, de um click em cima dela.
Gênero lírico
Seu nome vem de lira, instrumento musical que acompanhava os cantos dos gregos. Por muito tempo, até o final da Idade Média, as poesias eram cantadas; separando-se a texto do acompanhamento musical, a poesia passou a apresentar uma estrutura mais rica. A partir dai, a métrica (a medida de um versa é definida pelo número de silabas poéticas), a ritmo das palavras, a divisão em estrofes, a rima, a combinação das palavras foram elementos cultivados com mais intensidade pelos poetas.
 Mas, cuidado, o que foi dito acima não significa que poesia, para ser poesia, precisa, necessariamente, apresentar uma, métrica, estrofe. é poesia do Modernismo, por exemplo, desprezou esses conceitos; é uma poesia que se caracteriza pelo verso livre (abandono da métrica), por estrofes irregulares e pelo verso branco, ou seja, o verso sem rima. o que, também, não impede que "subitamente na esquina do poema, duas rimas se encontrem, como duas irmãs desconhecidas..."
 Como exemplo temos a belíssima estrofe de Carlos Drummond de Andrade na abertura da poesia intitulada "Consideração do poema":

Não rimei a palavra sono
com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
ou qualquer outra, que todas me convêm.
As palavras não nascem amarradas,
elas saltam, se beijam, se dissolvem,
no céu livre por vezes um desenho,
são Puras, largas, autenticas, indevassáveis.


Uma poesia pode abrir mão de tudo, da rima, estrofe, métrica, menos do ritmo.
 Quanto ao aspecto formal, dentre as poesias cie forma fixa, a que resistiu ao tempo, chegando até nossos dias, foi o soneto.
Quanto ao conteúdo, as poesias líricas se caracterizam pelo predomínio dos sentimentos, das emoções, o que as torna subjetivas. A maior parte das poesias pertence a esse gênero, destacando-se:

• Ode e hino: Os dois nomes vêm da Grécia e significam 'canto'. Ode é uma poesia entusiástica, de exaltação. Hino é a poesia destinada a glorificar a pátria ou louvar divindades.
• Elegia: é uma poesia lírica que fala de acontecimentos tristes ou da morte de alguém. O "Cântico do calvário", de Fagundes Varela, sem dúvida é a mais famosa elegia da literatura brasileira, inspirada na morte prematura de seu filho.
• Idílio e écloga: ambas são poesias bucólicas, pastoris. A écloga difere do idílio por apresentar diálogo.
• Epitalâmio: poesia feita em homenagem as núpcias de alguém.
• Sátira: poesia que censura os defeitos humanos, mostrando o ridículo de determinada situação.

Gênero Dramático
Drama, em grego, significa 'ação'. Ao gênero dramático pertencem os textos, em Poesia ou prosa, feitos para serem representados. Isso significa que entre autor e publico desempenha papel fundamental o elenco que representara o texto.
O gênero dramático compreende as seguintes modalidades:
• Tragédia: é a representação de um fato trágico, suscetível de provocar compaixão e terror. Aristóteles afirmava que a tragédia era "uma representação duma ação grave, de alguma extensão e completa, em linguagem figurada, com atores agindo, não narrando, inspirando dó e terror".
• Comedia: á a representação de um fato inspirado na vida e no sentimento comum, de riso fácil, em geral criticando os costumes. Sua origem grega esta ligada as festas populares, celebrando a fecundidade da natureza.
• Tragicomédia: modalidade em que se misturam elementos trágicos e cômicos. Originalmente, significava a mistura do real com o imaginário.
• Farsa: pequena peça teatral, de caráter ridículo e canricatural, que critica a sociedade e seus costumes; baseia-se no lema latino Ridendo castigat mores (Rindo, castigam-se os costumes).

Gênero Épico
A palavra epopéia vem do grego épos, “verso”, + poieô, “faço”, e se refere à narrativa, em forma de versos, de um fato grandioso e maravilhoso que interessa a um povo. E uma poesia objetiva, impessoal, cuja característica maior e a presença de um narrador falando do passado (os verbos aparecem no pretérito). O tema é, normalmente, um episódio grandioso e heróico da história de um povo.

Gênero Narrativo
Como já afirmamos, o gênero narrativo é visto como uma variante do gênero épico, enquadrando, neste caso, as narrativas em prosa. Dependendo da estrutura, da forma e da extensão, as principais manifestações narrativas são o romance, a novela e o conto.
 Em qualquer das três modalidade acima, temos representações da vida comum, de um mundo mais individualizado e particularizado, ao contrato da universalidade das grandiosas narrativas épicas, marcadas pela representação de um mundo maravilhoso, povoado de heróis e deuses.
 As narrativas em prosa, que conheceram um notável desenvolvimento desde o final do século XVIII, são também comumente chamadas de narrativas de ficção..
• Romance : narração de um fato imaginário, mas verossímil, que representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem. Comparado à novela, o romance apresenta um corte mais amplo da vida, com personagens e situações mais densas e complexas, com passagem mais lenta do tempo. Dependendo da importância dada ao personagem ou a ação ou, ainda, ao espaço, podemos ter romance de costumes, romance psicológico, romance policial, romance regionalista, romance de cavalaria, romance histórico, etc.
• Novela: na literatura em língua portuguesa, a principal distinção entre novela e romance é quantitativa: vale a extensão ou o número de paginas. Entretanto, podemos perceber características qualitativas: na novela, temos a valorização de um evento, um corte mais limitado da vida, a passagem do tempo é mais rápido e, o que é mais importante, na novela o narrador assume uma maior importância como contador de um fato passado.
• Conto: é a mais breve e simples narrativa, centrada em um episódio da vida. Na verdade, se comparado à novela e ao romance, a narrativa curta condensa e potência no seu espaço todas as possibilidades da ficção.
• Fábula: narrativa inverossímil, com fundo didático, que tem como objetivo transmitir uma lição de moral. Normalmente a fábula trabalha com animais como personagens. Quando os personagens são seres inanimados, objetos, a fábula recebe a denominação de apólogo.


Sites Educativos





Queridos(as) amigos(as), cada vez mais os blogs se tornam ferramenta de comunicação e interação entre as pessoas. Existem blogs para todos os gostos e interesses. Confesso que sou fã, desta forma simples e prazerosa de nos comunicarmos. Faço portanto deste espaço, veículo de divulgação do trabalho de colegas professores, coordenadores e educadores em geral, que espalhados pelo Brasil, encontram nos blogs uma forma especial de aprenderem uns com os outros. Pra começar, vai hoje uma lista de endereços que com certeza, será útil para todos nós.
Um abraço, Professora Keulen.


http://professoraelizianedepaula.blogspot.com
http://cm50.ntedu.edu.es/
http://reflexoesacademicas.blogspot.com/
http://pedagogicamenteblogando.blogspot.com
http://porqueeimportanteaprenderingles.blogspot.com
http://www.melega.multiply.com
http://www.henriquemelega.blogspot.com
http://www.coordpedagocicaeti.blogspot.com/
http://profamarildochaves.blogspot.com/
http://www.ligaderiopardo.zip.net
http://www.jacuhy.blogspot.com
http://www.historiaecia.com/
http://saibahistoria.blogspot.com/
http://www.skoob.com.br
http://www.dominiupublico.gov.br




terça-feira, 26 de abril de 2011

A Rosa do Povo - Carlos Drumond de Andrade

A Rosa do Povo

Cinquenta e cinco poemas compõem a obra "A Rosa do Povo", que foi escrita por Carlos Drummond de Andrade entre os anos de 1943 e 1945. É o mais longo de seus livros de poemas. O próprio título do poema já traz uma simbologia: uma rosa nasce para o povo, será a poesia para o coletivo? Para tentar saber, vale a pena ler o poema "A flor e a náusea".
Nessa época, o mundo vivia os horrores da Segunda Guerra Mundial, e Drummond, que nunca fora alheio a questões ideológicas ou humanas, aos sofrimentos ou à dor na cidade ou no campo, escreveu nesse livro (ao lado de outros diversos temas) sua indignação e tristeza melancólica com o mundo, com a violência e com a necessidade de se ter uma ideologia.

Política e poesia

Por isso, os estudiosos dizem que este talvez seja o livro mais "politizado" do poema mineiro. Essa obra, na verdade, funde as ideias sociais que estão em outros dois livros ("José" e "Sentimento do Mundo"). Drummond acrescenta ao tema social seu desencanto, seu pessimismo. Sabia da Guerra; morava no Rio e via como o Brasil ansiava por sair do Estado Novo - e queria um regime democrático.
Todas essas questões, é claro, intervieram nas criações. E, em muitos de seus poemas deste livro, Drummond confessa a impotência da poesia só para criar beleza. Havia um inconformismo dos artistas com a crueldade que se via no mundo em geral, e uma pergunta que o mineiro Drummond nunca deixou de se fazer: para que serve a poesia? No poema "Carta a Stalingrado", (cidade em que os soviéticos vencem os alemães) diz Drummond que a poesia foi parar nos jornais:
“Stalingrado...
Depois de Madri e de Londres, ainda há grandes cidades!
O mundo não acabou, pois que entre as ruínas
Outros homens surgem, a face negra de pó e de pólvora
E o hálito selvagem da liberdade dilata seus peitos(...)
A poesia fugiu dos livros, agora está nos jornais.
Os telegramas de Moscou repetem Homero.”

A palavra poética

Telegramas são notícias da guerra. Homero é o autor das epopeias "Ilíada" e "Odisseia", poemas épicos e heróicos por excelência. Drummond nos diz de forma tão simples quanto o mundo mudou. A temática engajada, política e socialmente, está sempre presente no livro. Mas há outra, muito forte: usemos a palavra poética; é claro que, apesar de tudo, devemos fazer poesia, pensa o poeta.
E essa poesia urbana, de um poeta "antenado" deve sair modernista, ou seja, sem que nenhuma tradição a atrapalhe, sem rimas, sem estrofes, sem o cheiro do que é antigo. A força da "palavra poética" (apesar da dúvida sobre sua utilidade) é um dos temas mais caros ao poeta. No primeiro (e mais famoso) poema do livro, "Consideração do poema", o poeta diz:
“Não rimarei a palavra sono
Com a incorrespondente palavra outono.
Rimarei com a palavra carne
Ou qualquer outra, que todas me convêm.
As palavras não nascem amarradas,
Elas saltam, se beijam, se dissolvem,
No céu livre por vezes um desenho,
São puras, largas, autênticas, indevassáveis.
Uma pedra no meio do caminho
Ou apenas um rastro, não importa.
(...)

Participação e desencanto

Predomina no conjunto dos poemas uma dualidade: de um lado devemos participar politicamente da vida; de outro, só é possível ter uma visão triste e desencantada da vida. Seria a esperança contra o pessimismo? As duas coisas, provavelmente, dizem os leitores do poeta. O fato é que, diferentemente do humor de outros livros, nestes poemas CDA tem um tom solene, grave e triste. Vejamos um trecho de outro famoso poema, "Procura da poesia":
“Não faça versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
Não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam. (...)”
Ou então, vejamos como o poeta vê a si mesmo no cotidiano da cidade, em outro famoso poema: "A flor e a náusea":
“Preso à minha classe e a algumas roupas,
vou de branco pela rua cinzenta.
Melancolias, mercadorias espreitam-me.
Devo seguir até o enjoo?
Posso, sem armas, revoltar-me? (...)”

Metalinguagem

A poesia sobre a própria poesia (a que chamamos poesia metalinguística) comparece todo o tempo neste livro. Mas há também a virtude de se refletir sobre um passado (romântico), quando o mundo era mais organizado e talvez mais feliz. É o que diz o poeta, quando cria a "Nova canção do exílio", paródia e homenagem a Gonçalves Dias:
“Um sabiá
Na palmeira, longe.
Estas aves cantam
Outro canto.”(...)
O fato é que o poeta, que desde o início de sua poesia dizia "Vai Carlos, ser gauche na vida!"(Poema de sete faces, 1922) continua, aos quarenta anos, a sentir-se sozinho, como homem, como poeta. Ele nos diz no poema "América":
“Sou apenas um homem.
Um homem pequenino à beira de um rio.
Vejo as águas que passam e não as compreendo.
Sei apenas que é noite porque me chamam de casa.”(...)
E como é grande a saudade dos amigos, que CDA sempre celebrou em tantos poemas. Em 1945 morre o grande amigo Mário de Andrade. Drummond lhe dedica o longo poema "Mário de Andrade desce aos infernos", que começa desta maneira:
“Daqui a vinte anos farei teu poema
e te cantarei com tal suspiro
que as flores pasmarão, e as abelhas,
confundidas, esvairão seu mel.
Daqui a vinte anos: poderei
Tanto esperar o preço da poesia?”(...)

Existencialismo

Passariam não vinte, mas quarenta anos mais de poesia drummoniana. Os temas sociais tratados em "A Rosa do Povo" abrandaram; o que nunca abrandou depois foram as perguntas que o poeta se faz sobre si mesmo neste mundo; a isso chamamos existencialismo, que também faz parte integrante deste livro.
Dos poemas de "A Rosa do Povo" não se pode deixar de ler os que aqui estão assinalados e mais alguns, como "O Medo", "Áporo", "Anúncio da Rosa" "Resíduo", "O Elefante" "Carta ao Homem do Povo Charles Chaplin e o famoso "Morte do Leiteiro".
O fato é que uma flor sempre nasce, e vai aqui o que para ela deseja o poeta:
Uma flor nasceu na rua!
Passem de longe, bondes, ônibus, rio de aço do tráfego.
Uma flor ainda desbotada
Ilude a polícia, rompe o asfalto.
Façam completo silêncio, paralisem os negócios,
Garanto que uma flor nasceu.
Sua cor não se percebe.
(...)
É feia. Mas é realmente uma flor.
A Flor e a Náusea
*Márcia Lígia Guidin é professora universitária de literatura, autora de "Armário de Vidro - Velhice em Machado de Assis", e dirige a Miró Editorial.

Memórias Póstumas de Brás Cubas - resumo e análise da obra de Machado de Assis

Mulato, pobre, franzino, baixinho, de saúde frágil, gago, epilético e, ainda por cima, sem qualquer educação formal. Este, que de maneira tão pouco lisonjeira descrevo, não é outro senão o maior escritor da História da Literatura Brasileira e, sem sombra de dúvida, um dos grandes nomes de toda a Literatura em Língua Portuguesa - Joaquim Maria Machado de Assis, mais conhecido apenas como Machado de Assis.

Como alguém conseguiu superar condições tão adversas e se tornar um escritor de talento extraordinário, esse é ainda um mistério que intriga crítica e público. Machado de Assis produziu extensa obra nos mais variados gêneros literários; foram 9 romances, 9 peças teatrais, 200 contos, 5 coletâneas de poemas e sonetos e mais de 600 crônicas. Não gosto da palavra gênio, mas não consigo pensar em outra para designar Machado de Assis.

Ano passado (1998), para homenagear o escritor no centenário de sua morte, o Ministério da Educação lançou a Coleção Digital Machado de Assis, disponibilizando para download gratuito todos os livros de Machado de Assis no formato PDF. A edição foi corrigida e revisada e é de ótima qualidade. Entretanto, para baixar as obras lá no site do MEC é necessário clicar em uma de cada vez, o que dá muito trabalho. Eu mesmo para conseguir baixar tudo e organizar os arquivos levei algumas horas exasperantes.

Então com o intuito de ajudar vou colocar aqui no Chinfras as obras divididas apenas por gênero, maneira mais prática de baixar. Espero que vocês apreciem. Ainda estou longe de ler tudo, mas pretendo terminar daqui para o próximo ano. Como eu já conhecia desde o colégio a maioria dos romances e contos, decidi começar a ler a minha coleção digital pelas crônicas e críticas. Estou resistindo à tentação de ler pela quinta vez o Dom Casmurro, meu livro predileto do Machado de Assis. E vocês, tem alguma obra do Machado da qual gostem mais? Deixem suas opiniões na seção de comentários.

para baixar suas obras:


Memórias Póstumas de Brás Cubas - resumo e análise da obra de Machado de Assis

Ao criar um narrador que resolve contar sua vida depois de morto, Machado de Assis muda radicalmente o panorama da literatura brasileira, além de expor de forma irônica os privilégios da elite da época

Publicado em 1881, o livro aborda as experiências de um filho abastado da elite brasileira do século XIX, Brás Cubas. Começa pela sua morte, descreve a cena do enterro, dos delírios antes de morrer, até retornar a sua infância, quando a narrativa segue de forma mais ou menos linear – interrompida apenas por comentários digressivos do narrador.

NARRADOR

A narração é feita em primeira pessoa e postumamente, ou seja, o narrador se autointitula um defunto-autor – um morto que resolveu escrever suas memórias. Assim, temos toda uma vida contada por alguém que não pertence mais ao mundo terrestre. Com esse procedimento, o narrador consegue ficar além de nosso julgamento terreno e, desse modo, pode contar as memórias da forma como melhor lhe convém.

FOCO NARRATIVO

Com a narração em primeira pessoa, a história é contada partindo de um relato do narrador-observador e protagonista, que conduz o leitor tendo em vista sua visão de mundo, seus sentimentos e o que pensa da vida. Dessa maneira, as memórias de Brás Cubas nos permitirão ter acesso aos bastidores da sociedade carioca do século XIX.

TEMPO

A obra é apoiada em dois tempos. Um é o tempo psicológico, do autor além-túmulo, que, desse modo, pode contar sua vida de maneira arbitrária, com digressões e manipulando os fatos à revelia, sem seguir uma ordem temporal linear. A morte, por exemplo, é contada antes do nascimento e dos fatos da vida.

No tempo cronológico, os acontecimentos obedecem a uma ordem lógica: infância, adolescência, ida para Coimbra, volta ao Brasil e morte. A estranheza da obra começa pelo título, que sugere as memórias narradas por um defunto. O próprio narrador, no início do livro, ressalta sua condição: trata-se de um defunto-autor, e não de um autor defunto. Isso consiste em afirmar seus méritos não como os de um grande escritor que morreu, mas de um morto que é capaz de escrever.

O pacto de verossimilhança sofre um choque aqui, pois os leitores da época, acostumados com a linearidade das obras (início, meio e fim), veem-se obrigados a situar-se nessa incomum situação.

ENREDO
A infância de Brás Cubas, como a de todo membro da sociedade patriarcal brasileira da época, é marcada por privilégios e caprichos patrocinados pelos pais. O garoto tinha como “brinquedo” de estimação o negrinho Prudêncio, que lhe servia de montaria e para maus-tratos em geral. Na escola, Brás era amigo de traquinagem de Quincas Borbas, que aparecerá no futuro defendendo o humanitismo, misto da teoria darwinista com o borbismo: “Aos vencedores, as batatas”, ou seja: só os mais fortes e aptos devem sobreviver.

Na juventude do protagonista, as benesses ficam por conta dos gastos com uma cortesã, ou prostituta de luxo, chamada Marcela, a quem Brás dedica a célebre frase: “Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis”. Essa é uma das marcas do estilo machadiano, a maneira como o autor trabalha as figuras de linguagem. Marcela é prostituta de luxo, mas na obra não há, em nenhum momento, a caracterização nesses termos. Machado utiliza a ironia e o eufemismo para que o leitor capte o significado. Brás Cubas não diz, por exemplo, que Marcela só estava interessada nos caros presentes que ele lhe dava. Ao contrário, afirma categoricamente que ela o amou, mas fica claro que, naquela relação, amor e interesse financeiro estão intimamente ligados.

Apaixonado por Marcela, Brás Cubas gasta enormes recursos da família com festas, presentes e toda sorte de frivolidades. Seu pai, para dar um basta à situação, toma a resolução mais comum para as classes ricas da época: manda o filho para a Europa estudar leis e garantir o título de bacharel em Coimbra.

Brás Cubas, no entanto, segue contrariado para a universidade. Marcela não vai, como combinara, despedir-se dele, e a viagem começa triste e lúgubre.

Em Coimbra, a vida não se altera muito. Com o diploma nas mãos e total inaptidão para o trabalho, Brás Cubas retorna ao Brasil e segue sua existência parasitária, gozando dos privilégios dos bem-nascidos do país.

Em certo momento da narrativa, Brás Cubas tem seu segundo e mais duradouro amor. Enamora-se de Virgília, parente de um ministro da corte, aconselhado pelo pai, que via no casamento com ela um futuro político. No entanto, ela acaba se casando com Lobo Neves, que arrebata do protagonista não apenas a noiva como também a candidatura a deputado que o pai preparava.

A família dos Cubas, apesar de rica, não tinha tradição, pois construíra a fortuna com a fabricação de cubas, tachos, à maneira burguesa. Isso não era louvável no mundo das aparências sociais. Assim, a entrada na política era vista como maneira de ascensão social, uma espécie de título de nobreza que ainda faltava a eles.

NÃO-REALIZAÇÕES
O romance não apresenta grandes feitos, não há um acontecimento significativo que se realize por completo. A obra termina, nas palavras do narrador, com um capítulo só de negativas. Brás Cubas não se casa; não consegue concluir o emplasto, medicamento que imaginara criar para conquistar a glória na sociedade; acaba se tornando deputado, mas seu desempenho é medíocre; e não tem filhos.

A força da obra está justamente nessas não-realizações, nesses detalhes. Os leitores ficam sempre à espera do desenlace que a narrativa parece prometer. Ao fim, o que permanece é o vazio da existência do protagonista. É preciso ficar atento para a maneira como os fatos são narrados. Tudo está mediado pela posição de classe do narrador, por sua ideologia. Assim, esse romance poderia ser conceituado como a história dos caprichos da elite brasileira do século XIX e seus desdobramentos, contexto do qual Brás Cubas é, metonimicamente, um representante.

O que está em jogo é se esses caprichos vão ou não ser realizados. Alguns exemplos: a hesitação ao começar a obra pelo fim ou pelo começo; comparar suas memórias às sagradas escrituras; desqualificar o leitor: dar-lhe um piparote, chamá-lo de ébrio; e o próprio fato de escrever após a morte. Se Brás Cubas teve uma vida repleta de caprichos, em virtude de sua posição de classe, é natural que, ao escrever suas memórias, o livro se componha desse mesmo jeito.

O mais importante não é a realização ou não dessas veleidades, mas o direito de tê-las, que está reservado apenas a uns poucos da sociedade da época. Veja-se o exemplo de Dona Plácida e do negro Prudêncio. Ambos são personagens secundários e trabalham para os grandes. A primeira nasceu para uma vida de sofrimentos: “Chamamos-te para queimar os dedos nos tachos, os olhos na costura, comer mal, ou não comer, andar de um lado pro outro, na faina, adoecendo e sarando…”, descreve Brás. Além da vida de trabalhos e doenças e sem nenhum sabor, Dona Plácida serve ainda de álibi para que Brás e Virgília possam concretizar o amor adúltero numa casa alugada para isso.

Com Prudêncio, vê-se como a estrutura social se incorpora ao indivíduo. Ele fora escravo de Brás na infância e sofrera os espancamentos do senhor. Um dia, Brás Cubas o encontra, depois de alforriado, e o vê batendo num negro fugitivo. Depois de breve espanto, Brás pede para que pare com aquilo, no que é prontamente atendido por Prudêncio. O ex-escravo tinha passado a ser dono de escravo e, nessa condição, tratava outro ser humano como um animal. Sua única referência de como lidar com a situação era essa, afinal era o modo como ele próprio havia sido tratado anteriormente. Prudêncio não hesita, porém, em atender ao pedido do ex-dono, com o qual não tinha mais nenhum tipo de dívida nem obrigação a cumprir.

CONCLUSÃO

Machado alia nesse romance profundidade e sutileza, expondo muitos problemas de nossa sociedade que existem até hoje. Daí o prazer da leitura e a importância de seu texto, pois atualiza, de forma irônica, os processos em que nosso país foi formado, suas contradições e os desmandos que ainda estão presentes.

Referencia :
www.dominiopublico.gov.br
http://guiadoestudante.abril.com.br/estude/literatura/materia_416007.shtml