Um aluno entra em sala de aula, senta com seus colegas e discute o conteúdo da revista que estão produzindo. Junto com o professor, eles debatem pautas, textos e fotos criados pela turma sobre temas atuais. Esta cena é uma das muitas possibilidades de definir a aplicação da educomunicação, conceito que vem sendo cada vez mais difundido por escolas e universidades interessadas em alternativas ao modelo educacional convencional.
Idealizada nos anos 70, a educomunicação – que, como o nome sugere, utiliza ferramentas e repertórios da comunicação como recursos educacionais - só nos últimos dez anos ganhou mais força entre os educadores brasileiros, transformando-se, em 2011, em tema de um curso de licenciatura na USP. Projetos de outras instituições de ensino e do governo buscam fortalecer a educomunicação nas escolas (veja box abaixo), enquanto a discussão avança, por meio de congressos no Brasil, América Latina e Europa.
Conhecida também pela abreviação educom, a metodologia propõe uma relação mais colaborativa e interdisciplinar entre aluno e educador, a partir do uso de diferentes mídias e recursos tecnológicos. Precursor dos estudos sobre o tema no Brasil, o professor Ismar de Oliveira afirma que “tradicionalmente, a educomunicação propõe um trabalho a ser feito em conjunto, para que educador e aluno possam igualmente ampliar habilidades comunicativas”.
Assim como aquela revista citada no primeiro parágrafo, a educom propõe a produção de vídeos, blogs, ou de uma rádio, por exemplo. Se está ligado à comunicação e ao trabalho em grupo, está valendo. O protagonismo do aluno e o uso de tecnologias da comunicação como ferramentas são determinantes para o avanço deste tipo de projeto. “Uma criança já acostumada a um smartphone ou a um notebook, por exemplo, começa a entender desde cedo seu poder de criar conteúdo e mostrar sua voz para o mundo”, aponta Oliveira.
Mas para que o conceito se espalhe cada vez mais, algumas barreiras precisam ser quebradas, como a hierarquia que tradicionalmente caracteriza não só as relações de ensino, mas a do público com a mídia. A redução desta distância entre quem “manda” e quem “obedece”, ou entre quem produz conteúdo e aqueles que apenas consomem, é a raiz da questão. Para questionar estes limites e exercitar o conceito de educomunicação, as escolas podem começar com pequenos projetos. “Assim, passam a questionar a estrutura e a provocar reflexões e pensamentos de proposta para uma gestão mais aberta”, defende o especialista.
Levar a educomunicação para a sala de aula é simples: o professor só precisa se descobrir educomunicador. E o primeiro passo para isso é buscar referências em projetos bem sucedidos que estão se espalhando pelo país.
Inspire-se em projetos e cursos para transformar-se em um educomunicador
Idade Mídia: Idealizado pelo educador e jornalista Alexandre Sayad, o projeto é desenvolvido no colégio Bandeirantes, em São Paulo. Sayad utiliza as TICs há dez anos e, em 2012, lançou o livro “Idade Mídia - A Comunicação reinventada na escola”( Editoras Aleph e Jatobá).
Educom.rádio: O projeto criado em 2001 pela USP junto com a Secretaria Municipal de São Paulo tem o objetivo de criar um ambiente favorável para a comunicação e as manifestações culturais dentro das escolas públicas.
4º Encontro de Educomunicação: Entre os dias 25 e 27 de outubro, o congresso será realizado no Auditório da Editora Paulinas, em São Paulo. Educadores podem inscrever experiências positivas e trocar informações com outros profissionais sobre seus projetos.
Mídias na educação: Pensado especialmente para professores do ensino básico, mas aberto a todos os educadores, o programa de educação à distância oferece formação continuada para o uso das TICs, por meio de módulos divididos em três ciclos.
Fonte: https://www.institutoclaro.org.br
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