sexta-feira, 31 de agosto de 2012

Ensinando com a web


Ensinando com a web

Matemática
·         Matemática na Veia - Blog com textos biográficos, novas abordagens de assuntos matemáticos e exercícios.

·         Matemática Hoje é Feita Assim - Site com artigos e entrevistas com professores. Inclui metodologias de ensino, jogos e exercícios.

·         Matemática na Net - Jogos, exercícios para todas as idades, proposições curiosas, artigos e extensa lista de links para outros sites sobre Matemática. 

·         Só Matemática - Exercícios, desafios matemáticos, jogos, dicionário matemático e foruns. Para acessar o conteúdo é preciso se registrar gratuitamente.

·         UOL Educaçao Matemática - Arquivo com conceitos básicos da matemática, testes, desafios e material para revisão da matéria.

Português

·         Academia - Site da Academia Brasileira de Letras, traz vocabulário ortográfico, com busca inclusive para palavras estrangeiras, responde a perguntas e mais.

·         Só Português - Com cadastro gratuito, oferece exercícios, material didático e grupo de discussão. 

·         Conversa de Português - Blog com artigos, exemplos de charges e poesias, bom material didático em um layout simples e bem organizado.

·         Brasil Escola - Artigos simples e bem escritos para usar como apoio em sala de aula.

·         Sua Língua - O professor Cláudio Moreno coloca em seu site muitos exemplos e artigos bem escritos e bem humorados, bom material didático. 

·         Professor Juscelino - Blog atualizado com exercícios, curiosidades e artigos sobre gramática, literatura e redação, além de análises de canções da MPB.

Ciências

·         Literatura e Ciências - Site que relaciona o ensino da ciência com literatura infantil.

·         Feira de Ciências - Exercícios e artigos variados sobre o ensino de ciências, além de grupo de discussão. 

·         Átomo e Meio - Blog com textos e charges da atualidade, com discussão de temas e material que pode ser usado em sala de aula feito por um professor de Ciências. 

·         CiênciaTube - Blog que reúne vídeos online sobre Ciências, com explicações e experiências. 

·         Brincando com Ciência - Site do Observatório Nacional para crianças, com curiosidades, jogos e experiências para usar em sala de aula. 

Geografia

·         Portal do Meio Ambiente - Atualidades, artigos variados sobre Geografia e seção infantil com jogos, como o "ABC das mudanças climáticas", mapas e recursos multimídia. 

·         Brasil Channel - Mapas detalhados de cada região do país, incluindo listagem de municípios e hinos. 

·         Infoescola - Textos para material de apoio nas aulas abordando clima, questões ambientais, conflitos geográficos, entre outros temas.

·         Só Geografia - Exercícios, jogos, hinos, mapas, curiosidades e fórum de discussão. Inclui material audiovisual, ilustrações e fotos.

·         UOL Educação Geografia - Arquivo com mapas, artigos sobre relevo e clima, listagem de bandeiras, textos sobre meio ambiente, entre outros temas da Geografia do Ensino Fundamental.

História

·         Historianet - Artigos divididos em períodos históricos, indicação de filmes, livros, muitos mapas e ilustrações, seção de atualidades, biografia de grandes personalidades da História. 

·         História Julia - Mapas, fluxogramas e exercícios para complementar as aulas de História. 

·         Só História - Reúne exercícios, jogos, atualidades, mapas históricos, artigos e curiosidades. 

·         Só pra historiar - Site de uma professora de ensino fundamental com charges, links e textos didáticos. 

·         Nave da História - Blog com slides, vídeo e jogos para propor em sala de aula. 

·         História Digital - Site de professor com artigos, vídeos sobre temas de história, dicas de jogos, músicas, curiosidades, filmes e quadrinhos para usar em salas de aula. 

sábado, 25 de agosto de 2012

A LOUSA DIGITAL INTERATIVA CHEGOU! E AI?!


Elas estão chegando!


Há cerca de uma década os professores se espantavam com a chegada dos computadores à escola. Depois foi o projetor multimídia e a internet e mais recentemente os aparelhos móveis (smartphones, tablets, netbooks e notebooks). Agora é a vez da lousa digital interativa.

Elas estão aí. Não adianta tentar fugir.
Lousas Digitais
Muitas escolas já possuem uma ou mais lousas digitais interativas. O ideal é que elas estivessem presentes em todas as salas de aula, nos laboratórios, nas bibliotecas, nas salas de reuniões e na sala dos professores. Mas, como o seu custo ainda é elevado, essa implantação tende a ser vagarosa (como quase tudo na Educação).

Quando o professor se vê diante da lousa digital interativa pela primeira vez é bem comum um certo ar de espanto e indignação. Afinal, é espantoso que tenham inventado uma “lousa digital” unindo o que há de mais antigo, a lousa, com o que há de mais moderno: a tecnologia digital. E, por outro lado, parece absurdo que governos e escolas invistam altas somas na aquisição de dispositivos digitais modernos e, ao mesmo tempo, se recusem a investir mais e melhor na carreira do professor, na sua formação inicial e continuada, na manutenção dos equipamentos que as escolas já dispõem e no suporte técnico e pedagógico para o uso dessas novas tecnologias.
Seja lá qual for o grau de espanto ou de indignação do professor, o fato concreto é que começa a cair em seu colo “mais uma encrenca” (ou “possibilidade”, conforme a ótica com que se vê a situação): como usar essa “coisa”, geralmente branca, sem muitos botões e aparentemente “vazia”?

O objetivo desse artigo é desmistificar esse apetrecho tecnológico de maneira que o professor que sempre se desviou da lousa, ao passar por perto dela, possa agora aproximar-se mais e utilizá-la, descobrindo alguns de seus possíveis usos.

O bicho não morde!

Quebrando computadoresA primeira coisa a saber sobre a lousa digital é que ela não morde, mas você pode até fazê-la latir se você souber apertar os botões corretos. 


Computador sem uso é computador quebrado.

A lousa digital interativa não é um aparelho frágil a ponto de quebrar se você tocar nela. Na verdade ela foi construída justamente para ser tocada. Não existe o risco de você “estragá-la usando-a” (sobre esse tema, “estragar usando”, veja um artigo meu de junho de 2008, “Quebrando computadores“, que tratava justamente da questão da falta de uso dos computadores da sala de informática sob a alegação de que “usá-los os quebrariam” e que, apesar de passada meia década, ainda continua sendo um artigo atual para algumas escolas). E, por fim, por incrível que pareça, a lousa digital interativa é mais fácil de lidar do que a lousa comum usada com o giz ou com o pincel atômico.
Embora já exista no mercado diversos modelos de lousas digitais com diferentes tecnologias, o funcionamento básico de todas elas é muito parecido. Mais ou menos como são parecidas as lousas tradicionais, que podem ser verdes, pretas, azuis, brancas, de madeira, de “pedra”, etc., mas funcionam sempre da mesma forma e para o mesmo propósito.
Em alguns modelos você pode interagir com a lousa usando os próprios dedos, em outros usa-se uma caneta especial e, em outros ainda, pode-se usar qualquer objeto. Há lousas de diversos tamanhos, mas normalmente elas têm mais de 70 polegadas (na diagonal). Cada tipo/marca/fabricante de lousa costuma ter um ou mais softwares que facilitam o seu uso, mas todos esses softwares de controle também são parecidos em suas funcionalidades.
Traduzindo para um bom português: quem já viu uma, já viu todas.

Como funciona?

Lousa digital - funcionamentoAs lousas digitais mais comumente encontradas nas escolas são ligadas a um computador (por cabo ou via wirelles) e a um projetor multimídia (o velho “datashow”). Na verdade a lousa digital pode ser entendida como esse conjunto de três componentes: a lousa propriamente dita, um computador e um projetor multimídia. Algumas lousas já estão incorporando o computador em seu próprio corpo, mas todas elas precisam de um computador para funcionar.

A lousa digital interativa é na verdade um conjunto de três elementos: lousa, projetor e computador.

E é justamente aí que está o “pulo do gato”: a lousa, em si, não faz nada, quem realmente “trabalha” o tempo todo é o computador. Assim, para efeitos comparativos, a lousa nada mais é do que um “monitor + mouse + teclado” que serve para você se comunicar com o computador exatamente da mesma forma como faria usando esses três elementos em um desktop ordinário.
Outra comparação interessante pode ser feita com os smartphones. Se você já manuseou um smartphone com tela full touch (aquela de tocar e mover ícones com os dedos na tela), então você já usou uma lousa digital em miniatura.

De qualquer forma, como você pode ver pelos exemplos acima, a lousa digital pode ser usada com um esforço de aprendizagem muito pequeno por todos aqueles que já usam normalmente um computador ou um smartphone. No caso da lousa digital, o mouse é seu dedo ou a caneta especial (quando a lousa usa uma dessas) e o teclado é virtual, como nos smartphones.
Você pode fazer na lousa digital tudo aquilo que já faz no computador (e mais ainda!). Tudo aquilo que você fizer na lousa aparecerá na tela do computador (se ele estiver ligado a um monitor) e todos os programas do computador podem ser executados a partir da lousa. Bom, mas se é assim, então qual é a vantagem da lousa digital? Porque simplesmente não usamos um computador acoplado a um projetor multimídia?

A grande vantagem da lousa digital é justamente o fato de ela ser uma “lousa”! Dessa forma você pode escrever nela, fazer anotações sobre imagens projetadas, executar e mostrar filmes, músicas e animações ou simulações e, principalmente, interagir com a lousa como interage com seu computador, mas sem precisar ir até o computador para fazer isso.
Ter uma lousa digital na sua casa não seria nada vantajoso porque na sua casa você usa o computador para si mesmo. A lousa digital é para ser usada para, e com, os seus alunos, então, ela só é uma ferramenta vantajosa em situação de aula.

Para que serve?

A lousa digital serve para facilitar o trabalhado do professor, permitindo que ele faça melhor aquilo que já faz com uma lousa comum e estendendo esse uso de forma a incorporar mais facilmente as TIC, o uso da internet e de novas práticas pedagógicas mais interativas, eficazes e atraentes para os alunos.

Para o aluno a lousa digital também pode ser muito vantajosa, dependendo do uso que o professor fizer dela. A lousa digital não serve para transformar uma aula chata em uma aula atraente, ela não faz com que um professor “ruim” fique “bom”, ela não transforma o livro, o laboratório e outros materiais didáticos de apoio em “coisas obsoletas” e não melhora a qualidade da educação por si mesma. A qualidade do professor é fundamental para uma boa aula e, portanto, a única coisa que uma lousa digital pode fazer pela educação é dar ao bom professor mais ferramentas para que ele se torne ainda melhor.

Aula chata
Nada é capaz de “salvar” uma aula chata.

Por isso, antes de pensar em como você vai usar uma lousa digital interativa, é bom pensar em como você já usa a sua lousa tradicional, com giz. No artigo “Uso pedagógico do giz (do giz???)” você encontrará alguns elementos para refletir sobre o uso de lousas “analógicas”.
Escrevendo na lousa digitalHá, literalmente, infinitas possibilidades de uso da lousa digital interativa, mas para quem nunca experimentou uma delas, aqui vão algumas (poucas) sugestões por onde se pode começar:
Escreva nela! Sim, escreva. A lousa digital também serve para escrita, seja com letra cursiva ou como texto digitado por meio do teclado virtual ou do teclado físico acoplado ao computador. Na lousa digital você pode escrever da mesma forma como faria em uma lousa comum, usando giz. E qual é a vantagem disso? São várias:
  • você dispõe de ferramentas de apoio à escrita, como a possibilidade de desenhar figuras geométricas, linhas, setas, etc. de forma perfeita;
  • alguns softwares usados em lousas digitais transformam sua letra manuscrita em caracteres de uma fonte que você escolher, como essa fonte que foi usada para escrever esse texto, tornando assim a sua letra “mais legível” e “mais bonita”;
  • junto com seu texto e seus esquemas você pode adicionar elementos que não poderia em uma lousa comum (sem uma boa dose de sacrifício), como fotos, esquemas, ilustrações e até mesmo músicas e filmes;
  • e agora vem a melhor parte: você não se lambuza de giz e pode apagar sua lousa toda (ou qualquer parte dela) com um único “clique”. Não é fantástico?
Aula prontaNem sempre é preciso screver nela.


Traga suas lousas prontas para a aula! Sim, é muito fácil! Aquela aula que você preparou em casa com tanto carinho, mas que teve que “copiar novamente” na sala ou, pior ainda, repetir a mesma lousa em várias salas para várias turmas, pode agora ser trazida pronta de casa sem que você tenha que despender tempo e esforço copiando-a várias vezes.
  • as lousas digitais interativas geralmente vêm acompanhadas de softwares que o professor pode usar em sua casa ou em outros computadores da escola, durante seu tempo de preparação de aulas, que permitem que a lousa seja toda “montada” antes do professor entrar na sala;
  • a aula “pré-montada” pode ser alterada durante a aula real. Lembre-se que você pode escrever, apagar, modificar, acrescentar ou fazer o que bem entender durante a aula e ainda pode “salvar e gravar” a aula modificada como uma nova versão (as vezes pode ser interessante ter diversas versões para diversas salas, já que as aulas “reais” raramente são idênticas em salas diferentes);
  • preparando antecipadamente a aula (como deve ser, com ou sem lousa digital), e trazendo a lousa pronta para a sala (essa é a novidade!), você certamente terá mais tempo para explorar e acrescentar recursos multimídia, como imagens, clipes, simulações, etc, no próprio espaço de tempo da aula. Além disso, as aulas podem sempre ser “reaproveitadas” em outras salas, em outros anos ou em outros cursos. Com o tempo você pode construir seu próprio material didático multimídia com recursos exclusivos e com a facilidade de poder modificá-lo, ano a ano;
  • assim como você, outras pessoas também prepararão e trarão aulas prontas para a sala de aula e, usando as redes sociais, os repositórios de recursos educacionais abertos, etc., você poderá compartilhar e utilizar aulas, ou trechos de aulas, preparadas por outros professores, otimizando ainda mais o seu tempo. A riqueza por trás dessas possibilidades é gigantesca!

A lousa é deles!

Alunos na lousa digitalLeve os alunos para a lousa! Sim, eles gostam de ir para a lousa, principalmente se a lousa for digital! Lembre-se que a interatividade da lousa digital não deve ser entendida apenas como um recurso para o professor. Essa interatividade pode potencializar muitas aprendizagens dos alunos e, portanto, é com os alunos que ela desempenha seu principal papel como ferramenta de apoio ao ensino e à aprendizagem. 
  • os alunos podem usar a lousa de forma individual, como o professor, ou em duplas, trios ou grupos ainda maiores. Para o uso múltiplo e simultâneo é preciso que a lousa possua a tecnologia adequada e um software de controle que permita o uso simultâneo por várias pessoas. Nessas lousas os alunos podem trabalhar de forma cooperativa, participar de jogos e outras atividades que podem ser feitas em grupo.
  • nas lousas que não possuem esse recurso de uso simultâneo é possível levar os alunos para diversas atividades, como: escrever (em turmas de alfabetização, por exemplo), corrigir tarefas, resolver problemas, interagir com simulações, apresentar trabalhos, construir textos coletivos, etc.
  • além daquilo que os alunos podem fazer em uma lousa comum, a lousa digital adiciona recursos que só estão disponíveis em um computador. Pense no que seus alunos poderiam fazer em um computador comum para aprenderem o que você quer que eles aprendam e você terá uma boa ideia do que eles podem fazer para aprender usando a lousa digital.
Registre e compartilhe suas lousas com os alunos! Sim, eles vão amar poder prestar atenção às suas explicações e depois receberem uma cópia das suas lousas ao invés de despenderem um longo tempo e um grande esforço tentando copiar as suas lousas e, ao mesmo tempo, prestar atenção no que você explica.

Copiando a lousa
Novos paradigmas!
  • “copiar a matéria da lousa” é tão moderno quanto copiar à mão uma notícia do jornal para depois enviá-la pelo correio normal para um amigo. Hoje em dia existem métodos muito mais eficientes para se “copiar lousas”. Um deles é a simples “fotografia” da lousa. No entanto, com uma lousa digital você mesmo pode “fotografar suas lousas” (salvando-as como imagem no computador acoplado à lousa) e distribuí-las para seus alunos publicando-as em uma galeria de imagens ou no seu blog. Sim, tenha um blog!
  • você pode registrar também as atividades que os alunos fizerem na lousa, trabalhos apresentados nelas, etc. Tudo o que for mostrado na lousa pode ser gravado, arquivado e distribuído.
  • se você organizar essas lousas em um blog ou em uma galeria de imagens, os alunos, os pais dos alunos e quaisquer outros interessados poderão consultar as “anotações de aula” em qualquer tempo e em qualquer lugar. Isso é incrível! Os alunos poderão rever os assuntos estudados de forma mais organizada (como você os organizou!) e você terá suas aulas devidamente documentadas.
  • quando os alunos dispõem de dispositivos móveis, como notebooks, é possível também compartilhar as lousas diretamente nesses notebooks e vive-versa, ou seja, você pode “conferir a tarefa do aluno” diretamente na sua lousa e ele pode “copiar sua lousa” diretamente para o dispositivo dele.
Não dê aulinhas, dê um show! Sim, é possível! E você não precisa ser um artista mais artista do que já é quando tenta prender a atenção de alunos “elétricos e desatentos”. Basta um pouco de “tempero” nas aulas.
Faça seu show
Faça seu show! O professor é o artista.
  • use e abuse dos recursos gráficos. Ao invés de esquemas confusos, use mapas mentais (há softwares que ajudam nisso); ao invés de desenhar gráficos sofríveis, faça-os em um software próprio e os leve prontos (ou construa em tempo real, junto com os alunos).
  • inclua imagens (fotos, ilustrações, etc.) nas suas aulas. Quando for falar de um personagem histórico, apresente rapidamente sua foto e um trecho da sua biografia (que pode ser encontrado facilmente na internet) e forneça o link para os alunos encontrarem o recurso. É bastante provável que sua lousa digital esteja conectada à internet e, assim, você poderá usar seus recursos diretamente a partir da lousa.
  • use trechos de filmes, clipes e trechos de músicas. Lembre-se que você pode incluir qualquer recurso da internet na sua “aula digital”. O YouTube e outras fontes (muitas!) podem proporcionar imensas possibilidades de enriquecimento para praticamente qualquer conteúdo, competência ou habilidade que você esteja trabalhando com os alunos.
  • se sua escola não tem um laboratório de ciências, ou o laboratório não possui muitos recursos, use softwares e simuladores que permitam fazer as experiências “virtualmente”. Isso amplia muito as possibilidades do uso de experimentação para a compreensão de conceitos e fenômenos, além de reduzir bastante o custo dessas atividades.
Deixe os alunos trabalharem! Tem um ditado que diz que “Quem nunca comeu melado, quando come se lambuza!“. Não se prenda à lousa (digital ou à lousa com giz), deixe os alunos trabalharem individualmente e em grupos, inclusive na lousa.
  • não é porque você tem agora uma lousa digital que ela precisa ser usado o tempo todo. A lousa digital é muito legal, mas a interação humana ainda é muito melhor. Use a lousa com responsabilidade, criatividade e inteligência.
  • quando planejar sua aula, pense como o diretor de um filme de sucesso ou de uma peça teatral onde a platéia também interaja. Faça um bom roteiro, quebre a monotonia, intercale suas ações com o trabalho dos alunos. Não monopolize o cenário e nem o uso da lousa.

Tudo bem, mas por onde eu começo?

Por onde eu começo?
Nunca é tarde para começar.

Bom, “comece pelo começo”: você já é um Professor Digital? Se não for, não tem problema, mas tenha em mente que será preciso se tornar um deles.
Tenho algumas sugestões que poderão ajudá-lo a se tornar um Professor Digital e, consequentemente, lhe permitirão um bom uso das lousas digitais interativas. Elas podem não ser as melhores sugestões do mundo, e nem todas podem ser adequadas para você, mas, se é para começar de algum ponto, experimente essas dicas:
  • comece a usar o computador de forma regular para digitar textos, fazer gráficos, navegar na internet, trocar e-mails com colegas e parentes, participar de grupos de discussão e redes sociais, ler revistas e jornais, enfim, para atividades que fazem parte do seu dia a dia.
  • visite blogs de outros professores e veja o que eles estão fazendo, como usam a internet, que sugestões e dicas eles dão para seus leitores, etc. Visite também sites ligados à Educação (da sua rede escolar, do seu município, do seu estado, do governo federal, de outros países) e procure por textos que falem sobre o uso pedagógico das TIC.
  • entre na web 2.0; descubra ferramentas/sites de compartilhamento (de textos, fotos, filmes, planos de aula, etc.). Descubra o Google, o YouTube, o Facebook, o Twitter, o MySpaces, o Skype, etc., etc. E se você não sabe do que estou falando, comece a digitar esses nomes na busca do Google, por exemplo, e descubra do que se trata.
  • entenda que os computadores e a internet são seus aliados. Pergunte-se porque os alunos gostam tanto de computadores e da internet e eles lhe dirão que “é muito divertido”. Sim, é mesmo! Aprenda a se divertir também! Não se preocupe em se tornar “imediatamente” um Professor Digital, comece se tornando um “usuário digital”.
  • procure um “mentor” para lhe ajudar nos primeiros passos. Você tem muitos amigos que sabem usar computadores e a internet. Talvez tenha filhos e eles certamente sabem! Mesmo na sua escola haverá outros professores que já sabem lidar com as TIC e poderão lhe ajudar tirando dúvidas, dando sugestões e, principalmente, lhe mostrando que a tecnologia é divertida, fácil de lidar e, além disso, poderá vir a ser uma ferramenta incrível na sua profissão.
  • não espere se sentir um expert em tecnologia e computadores para, só então, experimentar a lousa digital. Use-a como parte das ferramentas de aprendizagem. Ninguém sabe tudo e, na verdade, nós todos sabemos cada vez menos. Tecnologia se aprende usando.
  • a escola também é um lugar para o professor aprender. Para ser professor hoje em dia é preciso ser um eterno aprendiz. Não podemos mais parar de aprender ou nos recusarmos a continuar aprendendo. É isso que ensinamos aos nossos alunos e é isso que precisamos fazer também.
  • não desanime quando as coisas parecerem não dar certo. Lembre-se de suas próprias aulas: quase sempre elas não dão certo para todos os alunos. É errando que se aprende. Se você se recusar a levantar logo depois dos primeiros tombos nunca vai aprender a caminhar “em pé”. Faça com você mesmo aquilo que você gostaria que seus alunos fizessem para aprender mais em suas aulas.
  • não tenha vergonha de aprender com seus alunos. É muito provável que eles sejam usuários mais proficientes das novas tecnologias em geral e, possivelmente, da própria lousa digital, do que você mesmo. Eles não tem o seu medo de errar e gostam de tentar até acertar. Peça ajuda a eles sempre que precisar. Trabalhe em conjunto com eles. Deixe que eles lhe ensinem o que sabem. Eles vão amar e você vai descobrir que nessa jornada pelas TIC há atalhos que só eles conhecem.
  • concentre sua energia e seus esforços para preparar e executar boas aulas. A lousa digital e as demais tecnologias disponíveis serão naturalmente incorporadas na sua prática na medida em que ela mesma for se modificando. Isso não é imediato, mas é um movimento natural de aprendizagem. Você, professor, tem poder de ver mais longe. Use a tecnologia como uma luneta para seus próprios projetos de inovação.

Conclusão

As lousas digitais estão chegando e provavelmente você se verá diante de uma delas um dia desses. Não fuja! Encare porque o bicho é manso.

Coelho digital
O coelho está aprendendo que é um mamífero lagomorfo da família dos leporídeos (graças a ajuda da Wikipédia). Coisa difícil de se fazer sem uma lousa digital. :)

Depois de algum tempo inserido no mundo das TIC e, tendo usado uma lousa digital interativa, é bem provável que você fique tentado a repetir uma frase que eu tenho ouvido de vários professores ao longo de anos de formações que já dei em oficinas de uso das TIC: “Puxa, como eu pude viver tanto tempo sem ter usado isso?!”.
Boa jornada!

Referências e sugestões na internet:

  • DOSTÁL, Jirí. Reflections on the Use of Interactive Whiteboards in Instruction in International Context. The New Educational Review. 2011. Vol. 25. No. 3. p. 205 – 220. ISSN 1732-6729. Disponível em: <http://goo.gl/30kc6>. Acesso em: 12/07/2012. – Artigo interessante do prof. Jiri Dostál, da República do Cazaquistão.
  • The Interactive Whiteboards, Pedagogy and Pupil Performance Evaluation: An Evaluation of the Schools Whiteboard Expansion (SWE) Project: London Challenge. Disponível em: <http://goo.gl/gg6dt>. Acesso em: 12/07/2012. – Pesquisa da School of Educational Foundations and Policy Studies, Institute of Education, University of London.
  • Para saber um pouco mais sobre o que é e como funciona a lousa digital, consulte esse artigo da Wikipédia (em português) ou esse outro (em inglês e com mais referências).
  • O uso pedagógico da lousa digital associado a teoria dos estilos de aprendizagem. Revista Estilos de Aprendizaje, nº4, Vol 4 octubre de 2009.Disponível em: <http://goo.gl/oPf0b>. Acesso em: 12/07/2012. – Nesse artigo a lousa digital e tratada como um instrumento tecnológico interativo, que possibilita a elaboração de atividades pedagógicas, associadas  Teoria dos Estilos de Aprendizagem.(*) Para citar esse artigo (ABNT, NBR 6023):
ANTONIO, José Carlos. A Lousa Digital Interativa chegou! E agora?, Professor Digital, SBO, 01 ago. 2012. Disponível em: . Acesso em: 01/08/2012

Fonte: http://professordigital.wordpress.com/2012/08/01/a-lousa-digital-interativa-chegou-e-agora/

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

E AGORA?


O professor caiu na rede, e agora?

redes-sociais-virtuaisEnquanto alguns professores ainda resistem bravamente em manter sua aversão aos computadores e à internet e insistem na interação tradicional professor-aluno, outros já começam a experimentar a relação extra-classe virtual por meio das redes sociais on-line.
Em um primeiro momento o professor “perdeu o medo do computador” e passou a utilizá-lo para si mesmo de várias maneiras. Depois, seduzido pelas possibilidades de uso da rede (internet) e, principalmente, das mídias sociais interativas, como Facebook, Flickr, MySpace, YouTube, Twitter e Orkut, lançou-se de vez na rede. E agora? Como enfrentar as vantagens e desvantagens da super-exposição no mundo virtual?
Embora esse tema não seja ainda muito frequente no Brasil quando se fala da relação entre o professor e as novas tecnologias, os riscos da super-exposição de professores e alunos nas redes sociais já vem sendo debatidos há cerca de meia década nos Estados Unidos e na Inglaterra, onde as TICs já vem sendo utilizadas pelas escolas e pelos professores há mais tempo que aqui.
No início de 2012 o Departamento de Educação da cidade de Nova Iorque publicou o seu “Guia para o uso das Mídias Sociais” (NYC Department of Education Social Media Guidelines, disponível para baixar no final desse artigo), onde restringe de forma bastante radical a interação professor-aluno nos ambientes virtuais. Na inglaterra, no Condado de Kent, chegou-se a proibir os professores de possuírem um perfil no Facebook.
Seria preocupação excessiva? Fobia do mundo virtual? Ou há mesmo um risco real no uso das mídias sociais interativas que justifique esse “medo”?
No presente artigo vamos discutir esse tema e apresentar sugestões sobre os cuidados que o professor deve tomar ao utilizar-se das redes sociais, quer seja para si mesmo, quer seja para fins educacionais. Evidentemente muito do que será sugerido aqui vale também para outras categorias profissionais e, de forma ainda mais geral, para todos os usuários da internet.

Tô na rede, e agora?

Para quem chega à internet pela primeira vez, tudo parece como um infinito e complicado mundo de cliques, botões, links, e “programinhas”. Mas, passada a fase de “susto” inicial, rapidamente todos pegamos o gosto pela navegação e nos deslumbramos com as possibilidades de interação.
Para o professor que sempre teve dificuldade de conversar com seus alunos na própria sala de aula (por excesso de alunos, falta de tempo e uma extensa “programação curricular”), descobrir que uma mensagem sua publicada no Facebook pode ser rapidamente comentada por aquele aluno que nunca falou com ele na sala de aula, pode agora parecer uma revolução.
A rede atrai alunos, professores e todos nós por várias razões. Uma delas, com certeza, é a ampliação do universo de relacionamentos. Na rede fazemos muitos novos amigos, conhecemos pessoas interessantes, passamos a ter acesso à textos, vídeos, imagens e notícias que não tínhamos antes. A rede nos dá a possibilidade de acessarmos muitas fontes e, principalmente, nos permite “falarmos para muitos”.
Na rede não há distâncias, o tempo deixa de ser linear e a virtualização aparente das relações interpessoais nos dá uma falsa impressão de segurança e distanciamento. Vários estudos publicados sobre esse tema (inclusive um estudo interessante publicado em uma dissertação de mestrado em antropologia social defendida na Unicamp em 2008) já mostraram que essas características da rede nos tornam desinibidos e, em certas circunstâncias isso pode ser benéfico, mas, em outras, pode nos causar sérios problemas.
“Estar na rede” significa, basicamente, três coisas:
  1. Ter acesso a uma infinidade de fontes de informação sobre todo tipo de tema e em diversas formas de mídia;
  2. Ter a possibilidade de estabelecer inúmeros novos relacionamentos e construir novos círculos de amizades e interesses e;
  3. Expor-se para uma infinidade de pessoas desconhecidas com as quais se pode interagir de diferentes formas.
Se, por um lado, a rede é rica em novas possibilidades, por outro, nem todas essas possibilidades serão interessantes, importantes ou positivas.
Na rede fazemos novos amigos, mas também podemos fazer novos inimigos. A rede nos fornece todo tipo de informação e algumas delas são péssimas, quer porque sejam falsas ou falsificadas, quer porque sejam ilícitas ou, simplesmente, porque são inúteis. Na verdade apenas um número infinitamente pequeno de informações disponíveis na rede serão úteis para cada um de nós.
Da mesma forma como se pode encontrar qualquer coisa na rede, uma vez que você esteja nela você também passa a ser “encontrável”. Não apenas o seu endereço, nome, documentos, telefone, fotos e vídeos passam a estar disponíveis para todo o mundo como também todas as suas “interações na rede”. Quando se está na rede, parte significativa de sua vida fica lá registrada por meio de fragmentos cuja leitura nem sempre será favorável à imagem pública que você gostaria de ter.
Estar na rede é deixar de ser privado e passar a ser público. E essa super-exposição é um dos grandes fatores de risco do uso da internet e, em particular, das redes sociais.
Na verdade, mesmo que você nunca tenha participado diretamente das redes sociais, uma busca com seu nome e mais alguns dados agregados (como o nome da sua escola, da sua empresa ou o número do seu RG) podem já possuir muitos links que, reunidos, contam um pouco da sua história. Já experimentou fazer essa pesquisa?
Se você está na rede hoje, esteja consciente de que a rede é “quase-eterna” e continuará a existir depois que você se for. O que você publicar hoje ficará guardado “na nuvem” e estará acessível na rede até muito depois de seus bisnetos terem falecido. Sua história na rede nunca será apagada.
Professores, em especial, tem mais problemas em gerenciar esse complexo novo mundo virtual  interativo do que pessoas que não lidam diretamente com muitas outras pessoas (especialmente menores de idade) e que não têm um policiamento ético-moral tão intenso sobre si.
Professores ainda são vistos pela sociedade como “exemplos ético-morais”. Não se espera encontrar uma fotografia no Facebook de um professor bêbado em uma balada, segurando uma garrafa de bebida e uma das mãos, de camisa aberta e cambaleante. Ainda que isso não o torne um “mau profissional” e não signifique que no outro dia ele tenha chegado bêbado na escola para lecionar, uma cena como essa choca os pais e a sociedade em geral e pode virar motivo de bulling por parte dos alunos.
Além disso, quando expostos às redes sociais, os professores não podem vivenciar os mesmos conflitos que vivenciam em sala de aula, pois embora na sala de aula real os ânimos se acalmem após alguns minutos, na rede todos os conflitos onde ele se envolver serão expostos ao mundo inteiro e ficarão lá, expostos, pelo resto de sua vida.
Como reduzir essa possibilidade de “prejuízo da imagem pública” na rede? A resposta não é simples, mas tentaremos dar algumas sugestões separadas em três grupos: sugestões válidas para todos, as especialmente importantes para a Instituição Escola e, finalmente, aquelas importantes para o professor em particular.

10 cuidados que todos devem ter na rede

Sua imagem pública na rede é seu patrimônio mais valioso. Para construí-la pode ser necessário anos, mas para destruí-la basta um “momento de bobeira”. Ao contrário do “mundo real”, onde nossas ações geralmente são percebidas por poucas pessoas, no mundo virtual nossas ações são globais e perduram “para sempre”.
A lista de cuidados que todos deveríamos ter o tempo todo é bastante extensa, mas vamos tentar resumir a 10 pontos principais. Você pode fazer um exercício de reflexão e aumentar essa lista até que ela lhe pareça um bom “guia de comportamento na rede”.
  1. Evite, sempre que possível, fornecer informações pessoais que representem risco para sua segurança, tais como: situação financeira, dados bancários, informações de contato, documentos e números de cartão de crédito, informações familiares ou de amigos. Em muitas circunstâncias esses dados lhes serão solicitados e não há nenhuma garantia real de que esses dados serão mantidos em sigilo;
  2. Não exponha sua vida pessoal na rede. A vida é dinâmica, mutável. Os relacionamentos se constroem e se desfazem. Amores e empregos vão e vêm. Mas a internet manterá sempre uma memória de tudo o que você tiver exposto nela. É inútil imaginar que poderemos “apagar nossa história na internet”, por isso é importante que sua história na rede não tenha “momentos que deveriam ser apagados”;
  3. Não exponha a vida pessoal de outras pessoas na rede. Além de que isso é ilegal e poderá lhe render processos judiciais, ao expor outras pessoas na rede você cria riscos reais para essas pessoas. Comentários, fofocas, críticas e detalhes pessoais podem constrangir as pessoas e, quando feitos publicamente, podem caracterizar-se como crimes previstos em lei;
  4. Nunca acredite que na rede existam conversas pessoais, grupos fechados e ocultos, sites protegidos, relações de confiança ou sigilo de informações. Tudo que existe ou vier a existir sobre você na internet poderá ser acessado: suas conversas em chats, MSN, grupos de discussão, comunidades virtuais, redes sociais, etc. Tudo na internet é ou poderá vir a ser público;
  5. Nunca escreva nada que você não tenha certeza de que possa ser lido por qualquer um, em qualquer lugar e circunstância, sem que haja nenhum tipo de comprometimento pessoal seu. Mesmo assim você correrá sempre o risco de ser mal interpretado, interpretado fora do contexto em que escreveu, citado em outro local ou contexto, citado por pessoas que não conhece ou, ainda, poderá ser comentado, criticado e esculachado por qualquer um. Na internet você não escreve para uma pessoa ou grupo, você escreve para o mundo;
  6. Nunca publique imagens ou vídeos seus que possam denegrir sua imagem em alguma circunstância presente ou futura. Por exemplo, sua foto com ares de embriagues em uma festa poderá ser acessada pelo recrutador que vai decidir se lhe dará ou não um emprego daqui há cinco anos. Sua tórrida declaração de amor feita para sua paixão atual pode não soar nada bem para uma possível nova paixão surgida daqui a 10 anos.
  7. Evite, sempre que possível, entrar em discussões agressivas. Meça suas palavras e sempre tenha certeza de que a opinião que está expressando não extrapola os limites da lei e do bom senso. Alguns termos e expressões podem ofender não apenas o seu interlocutor na discussão, mas todo um grupo de pessoas que sequer estão participando da sua discussão, mas que poderão ser atingidas por seus comentários. Nunca responda a uma provocação no mesmo dia, dê um tempo até ficar mais calmo e então procure dar uma resposta ponderada ou simplesmente ignore a provocação;
  8. Antes de participar de um grupo de discussão, de uma comunidade virtual ou mesmo de um evento, procure conhecer o grupo, seus ideais e propósitos. Procure ser sempre construtivo e nunca “trollar” em um grupo. Lembre-se de que a memória da internet é eterna e que sua “trollagem” ficará associada a você até muito depois de você ter se arrependido dela;
  9. Não cometa cyberbulling. Não se iluda com a sensação de impunidade e de apoio por parte de um grupo. Cyberbulling é crime já tipificado em lei e não existe anonimato na internet para que você possa se esconder. Apelidos e avatares estão sempre associados à sua identificação real e, ao contrário das situações “presenciais”, onde as vezes se pode “ocultar as responsabilidades”, na internet todos as suas pegadas são registradas e o caminho que leva até você sempre pode ser refeito;
  10. Não desrespeite direitos autorais. Não publique textos, vídeos ou imagens que possuam restrições de direitos autorais. Se não tiver certeza de que pode publicar, não publique. Não distribua softwares, livros digitais, músicas, filmes ou qualquer outro material “pirata”. Isso é crime (mesmo quando compartilhado com apenas uma outra pessoa ou quando feito por meio de programas de troca direta de arquivos).

10 cuidados que a escola deve ter na rede

A Escola, como entidade jurídica que é, não publica nada e não participa da rede, senão pelas pessoas que o fazem em seu nome. Portanto, a primeira coisa a saber e lembrar é que toda publicação ou interação feita em nome da escola, em razão da escola ou com relação à escola, será uma publicação em que o autor, pessoa física, está assumindo a responsabilidade legal por uma entidade jurídica e poderá ser responsabilizado legalmente pelos efeitos dessa publicação.
A lista abaixo não inclui todos os cuidados possíveis, mas procura apontar alguns cuidados que os representantes da escola devem ter em vista.
  1. A escola é uma pessoa jurídica e não uma pessoa física. Cabe à direção da escola assumir a respossabilidade pela exposição pública da mesma, quer por meio de blogs, sites, comunidades virtuais ou redes sociais. Não cabe a professores e alunos criarem blogs, comunidades virtuais ou redes sociais em nome da escola, a menos que isso seja solicitado ou autorizado pelos responsáveis legais da escola;
  2. A escola não deve expor imagens, filmes ou dados pessoais de alunos para fins não pedagógicos e deve ter sempre a permissão de publicação, por escrito, dos responsáveis pelos alunos expostos. Da mesma forma, a escola deve regular e fiscalizar os espaços interativos onde ela permita que alunos e professores publiquem quaisquer materiais;
  3. A escola não deve expor na rede situações constragedoras para alunos e professores. Questões disciplinares, sanções e assuntos particulares (com alunos e professores) não devem ser expostos publicamente na rede;
  4. A escola deve ter uma política de uso geral e pedagógico da rede e das mídias sociais estabelecida em seu Plano Político Pedagógico;
  5. O regimento escolar, no âmbito da escola, e o contrato pedagógico entre alunos e professores, no âmbito da gestão de sala de aula, devem prever direitos, deveres, responsabilidades e sanções de professores e alunos com relação ao acessso, uso e abuso da rede e de seus meios de acesso no espaço escolar, físico ou virtual;
  6. A escola não pode exigir de alunos e professores ações, atividades ou interações pela rede sem dar garantias efetivas de acesso à rede e aos recursos necessários para que essas ações, atividades e interações possam ocorrer;
  7. A escola não pode cobrar, repassar custos ou quaisquer despesas para os alunos ou professores referentes ao uso da rede ou de recursos disponibilizados nela (salvo os casos de escolas particulares onde esses custos estejam previstos no contrato de matrícula);
  8. Quando uma escola se utiliza da rede de forma institucional ela deve entender que esse uso fica sujeito às mesmas condições, regras, leis e garantias que valem dentro de seu espaço físico real, garantindo assim a segurança dos dados dos alunos e não expondo-os à risco na rede;
  9. A escola que se expõe na rede deve zelar para manter sua boa imagem, bem como de seus alunos e professores, cabendo aqui, guardadas as devidas proporções, os mesmos cuidados sugeridos às pessoas físicas listados no item “10 cuidados que todos devem ter na rede”;
  10. Cabe à gestão escolar disciplinar o uso institucional da Escola na internet por parte de professores e alunos que obtiverem permissão para fazê-lo, orientando quando necessário e zelando para que esse uso não seja impróprio, corresponsabilizando-se, nesses casos, por esse uso.

10 cuidados que o professor deve ter na rede

O professor não é visto apenas como uma pessoa, um funcionário da escola ou um profissional do ensino, ele é visto também como um ícone, um modelo de pessoa de bem e de profissional da educação zeloso por seus alunos e por sua escola. Exige-se do professor que a todo momento e em qualquer circunstância ele demonstre comportamentos éticos e morais elevados. Dessa forma, o professor exposto na rede é quase que proibido de ser uma pessoa normal.
Ainda que essa descrição de modelo de professor pareça injusta, imprópria e praticamente impossível, é assim que a sociedade o vê e é isso que ela lhe cobra quando quer puni-lo por sua humanidade.
Ao professor é fundamental cuidar-se ao se expor na rede. A lista abaixo procura relacionar 10 cuidados considerados prioritários, mas você pode e deve aumentá-la sempre que encontrar outro cuidado que julgar importante. Da mesma forma, os cuidados listados abaixo não garantem, por si só, que o professor que participa da rede deixe de enfrentar problemas devido a essa exposição.
  1. Diferencie o pessoal do profissional. O ideal seria que cada professor possuísse dois perfis na rede: um perfil pessoal, onde o professor não mantém nenhuma relação com seu trabalho (escola, professores e alunos) e, outro, onde tratasse apenas de questões profissionais (com a escola, com os colegas professores e com os alunos e seus responsáveis). Como isso é difícil de se conseguir na prática, a sugestão é que o professor procure manter um perfil só, mas relações distintas entre os contatos pessoais e os profissionais;
  2. As relações entre professor e aluno, na rede, devem procurar se manter estritamente profissionais (da mesma forma como devem ser mantidas em sala de aula). Nesse sentido o professor deve entender as redes sociais como uma extensão de sua sala de aula. Isso implica em um cuidado muito grande com a linguagem e as “atitudes” expressas no mundo virtual da internet;
  3. Entendendo que “redes sociais” abrangem blogs, microblogs, flogs, fóruns, grupos de discussão, galerias de imagens, comunidades virtuais e todos os demais meios de publicação e interação na internet, cabe ao professor zelar por sua imagem pessoal e profissional em todas essas redes e espaços interativos. Por exemplo, embora o professor possa considerar o seu blog pessoal como um espaço “seu”, não é dessa forma que a sociedade vê seu blog, ela o vê como “o blog do professor” e não do “fulano de tal”;
  4. Atividades pedagógicas desenvolvidas na internet devem atender ao pressuposto de que todos os alunos envolvidos possuem condições reais de acesso aos recursos necessários para levar a cabo essas atividades, principalmente se essas tarefas tiverem caráter avaliativo ou se implicarem em aprendizagens que não terão equivalentes na sala de aula presencial;
  5. O professor não deve usar a rede para promover qualquer tipo de comparação, classificação ou discriminação de alunos que possa causar constrangimento ao aluno, seus colegas de classe ou de escola, ainda que essas discriminações sejam positivas e tenham como intenção a motivação dos demais. Isso aplica-se em especial aos resultados de avaliações, trabalhos ou atividades regulares da escola;
  6. Cabe ao professor zelar pelo bom exemplo de uso da internet publicando, divulgando e compartilhando apenas materiais didáticos ou similares de qualidade, com direitos autorais livres ou cedidos pelo autor. Da mesma forma, cabe ao professor que está na rede orientar seus alunos sobre o uso responsável da internet como parte de um “currículo transversal” necessário à convivência, ao aprendizado e ao aprimoramento da cidadania do aluno;
  7. Em nenhuma hipótese o professor deve comercializar ou prestar serviços remunerados na internet para seus próprios alunos ou outros da mesma escola (salvo os casos de escolas privadas onde essa prática esteja prevista no contrato de matrícula);
  8. Ao expor-se nas redes sociais o professor deve ter em mente que poderá sofrer bulling por parte de um ou mais alunos, familiares dos alunos, ex-alunos ou grupos onde participam seus alunos. Não cabe à escola responsabilizar-se por esses atos, defender legalmente o professor ou dar-lhe garantias de defesa, bem como não cabe à escola se responsabilizar pela sanção a esses alunos nos casos em que a própria instituição não estiver envolvida diretamente. Sendo assim, cabe ao professor evitar essas provocações e tomar as medidas legais cabíveis quando for o caso. Eis aí, portanto, uma boa razão para o professor agir apenas profissionalmente em suas relações virtuais com os alunos;
  9. O professor não deve compartilhar o seu perfil pessoal na rede (conta de e-mail, blogs ou login de ferramentas web 2.0) com seus alunos, colegas ou outras pessoas. Nos casos em que se desenvolva um projeto conjunto com os alunos (como a criação de um blog para uma classe ou projeto, por exemplo) deve-se criar um novo perfil para cada projeto (conta de e-mail, login, etc.);
  10. O professor é responsável por todas as suas ações envolvendo o nome da escola ou seus alunos, mesmo que partam de iniciativas desvinculadas do planejamento escolar (como postagens em um blog próprio, a participação em grupos de discussão, etc.), cabendo a ele responder legalmente por seus atos (publicações, participações em debates, comentários em blogs, etc.). Pensando nisso é mais uma vez recomendável que se evite relacionamentos, comentários, publicações e interações virtuais não profissionais.

Não é melhor sair da rede então?

Não! Nem pense nisso!
A rede é para onde todos caminhamos inexoravelmente. A sala de aula tende naturalmente a se estender para fora do limite de suas paredes ou dos muros da escola. A questão relevante aqui é compreender que ao mesmo tempo em que a sala de aula extrapola seus limites físicos e temporais, as ações e responsabilidades do professor e da escola não podem extrapolar os limites do profissionalismo para se confundirem com relações pessoais.
Quando o professor “cai na rede” ele leva sua escola e seus alunos com ele, querendo ou não. Pois, diversamente do “mundo real”, onde a sala de aula tem paredes e as aulas têm horários fixos, no mundo virtual não há uma distinção clara sobre onde começa e onde termina o papel do professor.
Há muitas possibilidades de uso pedagógico das redes sociais, para muito além da mera expansão das relações sociais entre pessoas ou da interação professor-aluno. Nas referências e sugestões na internet (logo abaixo) seguem alguns links de materiais que tratam especificamente desses usos.
Além do mais, é possível se manter exposto na rede sem comprometimento negativo da imagem pública do professor e com ganhos efetivos no seu relacionamento com os alunos e nas sua práticas pedagógicas. É claro que esse “novo mundo” exige também novas aprendizagens, novas abordagens e novos riscos. Talvez porque na medida em que extrapolamos os muros da escolas nos deparemos com uma escola ainda maior: a escola da vida.

Referências e sugestões na Internet:

(*) Para citar esse artigo (ABNT, NBR 6023):
ANTONIO, José Carlos. O professor caiu na rede, e agora?,Professor Digital, SBO, 01 jul. 2012. Disponível em: . Acesso em: [coloque aqui a data em que você acessou esse artigo, sem o colchetes].